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  • Foto do escritorRafael Torres

Pequeno Glossário de Termos Musicais

Atualizado: 23 de jul. de 2022

Sabemos que muitos de vocês conhecem os termos musicais que empregamos. Aliás, que todo mundo emprega. Mas, como a Arara tem motivações também educacionais, vou facilitar a vida daqueles que não conhecem. Falarei brevemente dos períodos históricos, da orquestra, dos termos referentes à forma, às dinâmicas, à expressão, os instrumentos e as mais diversas técnicas e palavras que você encontra na partitura. Muitas dessas palavras têm origem no italiano, pois uma boa parte do desenvolvimento da música se deve aos compositores (especialmente sacros) da itália na renascença e antes dela.

 

Dinâmica


Para começar, vamos falar de dinâmica. É a diferença entre o forte e o fraco. Mais comumente dizemos que é a diferença entre o forte (aparece como a letra f em itálico nas partituras) e o piano (aparece com a letra p em itálico e significa fraco). De modo que:


p = Piano, fraco;

pp = Pianíssimo, muito fraco;

ppp = Pianissíssimo, fraquinho, fraquinho;

pppp = O quatro pês. O mais fraco que se puder;

mp = Mezzo piano, meio fraco;

mf = Mezzo forte, meio forte;

piú p = Piú Piano. Mais fraco que a sessão anterior da música.

piú f = Piú Forte. Mais forte que na sessão anterior da música.

f = Forte;

ff = Fortíssimo;

fff = O famoso três efes. Fortissíssimo;

ffff = O quatro efes. O mais forte que se pode tocar sem derrubar a sala de concertos. (alguns compositores podem indicar 5 fs, que não têm muita diferença do 4. É só pra ter certeza de que o músico vai fazer o possível para sair o som mais forte do seu instrumento.


Existem também palavras associadas com a mudança de dinâmica:


sfz, fz ou sf = Sforzando, Acentuando a nota, para depois decrescer rapidamente. Também pode ser usada como o sinal de < em cima de uma nota, significando que ela deve ser acentuada.


cresc. = Crescendo = Aumentando a intensidade.

dim. ou decresc. = Diminuendo ou Decrescendo - Diminuindo a intensidade.


Essas palavras são mais usadas em frases longas. Quando é um crescendo e um diminuendo são rápidos, a gente ainda chama crescendo e diminuendo, ainda, mas na partitura vão aparecer os sinais < >, chamados em inglês de hairpins:


 

Expressão


São palavras ou sinais referentes ao tipo de expressividade que se quer que o músico faça com as notas. Nesse caso, o compositor escreve a palavra (em itálico) sob as notas. Vejamos:


Cantabile = Com uma característica de canto, leve e poético;

Con brio = Com brilho e vigor;

Agitato = Agitado;

Animato = Animado;

Maestoso = Majestoso;

Vivace = Vivo;

Con fuoco = Com fogo, de forma apaixonada;

Scherzando = Brincando;

Dolce = Doce;

Sotto voce = Discretamente acompanhando uma linha melódica.


A essas palavras pode se acrescentar os termos Molto (muito), Assai (muito), Poco (pouco) e Ma non troppo (mas não muito).


 

Andamentos


Antamentos, também chamados de tempos, são literalmente a velocidade da música. Aquilo que costuma-se chamar erroneamente de ritmo. Ritmo, na verdade pode significar duas coisas: o senso da passagem do tempo em uma peça; ou um determinado estilo de música. Por exemplo, uma música em ritmo de samba pode ser mais lenta ou menos que uma no ritmo de xote.


Os andamentos são marcados no começo dos movimentos (na verdade, na maioria das vezes, dão nome a eles).


Allegro = Rápido;

Andante = Em velocidade de caminhada;

Adagio = Lento;

Adagietto = Entre o Adagio e o Andante;

Grave = Muito lento;

Largo = Muito lento;

Lento = Lento;

Allegretto = Mais rápido que o Allegro;

Moderato = Moderado. Um pouco mais rápido que o Andante;


Esses são os alguns dos principais, mas geralmente, vêm acompanhados de advérbios ou outras indicações mais específicas. Exemplos.


Allegro con brio - Rápido e com brilho;

Allegro ma non troppo - Rápido, mas não muito;

Andante con moto - Em velocidade de caminhada, mas com movimento, ou seja, sem perder nunca a velocidade.


 

Movimentos

Podem ser também chamados de Andamentos e podem se confundir com eles. Mas, estritamente falando, movimentos são as partes da música. Uma sinfonia, por exemplo, geralmente tem 4 movimentos. São 4 músicas diferentes (relacionadas ou não). Literalmente, um movimento acaba, há uma pausa (em que não se deve aplaudir) e começa outro.


No caso das sinfonias, que são a forma mais importante de escrita orquestral, temos um esquema que pode ser assim:


O primeiro movimento geralmente é um Allegro ou um Moderato, um movimento não necessariamente rápido, mas também não lento.


O segundo movimento geralmente é o movimento lento. Pode ser Adagio, Largo, Lento etc... Geralmente são movimentos de carga emocional grande, com tristeza, lamentação ou contemplação.


O terceiro movimento é um Minueto (nas sinfonias até 1800) ou um Scherzo (a partir de 1800, invenção de Beethoven). São movimentos mais leves, dançantes e podem ser alegres ou sardônicos (principalmente no caso dos Scherzi).


O quarto movimento é o Finale. Ele pode ser um Rondó, que é uma forma musical de esquema A-B-A-C-A-D-A-E-A... ou um Tema com Variações. É mais comum terminar a sinfonia em espírito de triunfo do que de tragédia, portanto, é um movimento geralmente rápido. Ele disputa com o primeiro movimento o cargo de movimento mais importante da sinfonia.


 

As formas


As mais comuns:


Sifnonia - A mais importante forma de composição para orquestra. Contém, geralmente, 4 movimentos (mas pode ser qualquer número, até uns 8).


Sonata - Cobre a mesma funçao da sinfonia, mas para piano ou piano mais um instrumento. Assim como a sinfonia, é uma obra longa, também com 4 movimentos.


Fantasia - É uma música, geralmente de 1 movimento, para piano, orquestra ou qualquer outra combinação de instrumentos, que não segue nenhuma forma estrita. Tem caráter improvisativo.


Impromptu - Do françês - Improviso. É muto parecido com a Fantasia, mas geralmente é para piano.


Poema Sinfônico - Outro gênero muito comum para a orquestra, a partir do romantismo. Música baseada em alguma narrativa, enredo. Pode, também, se referir a um conto ou apenas ter um título que faça alusão a algo.


Tema com variaçoes - Forma em que o compositor apresenta um tema (que pode ser de outro compositor) e faz um número limitado de variações, sendo ideal para mostrar sua criatividade em lidar de várias formas com a mesma ideia musical.


Rapsódia - É uma música que transita entre caracteres, temas e espíritos com liberdade. Como se fosse uma música composta por várias pequenas sessões.

Abertura - É uma obra para orquestra que, inicialmente servia realmente de abertura para óperas, mas aos poucos foi dando espaço à Abertura de Concerto, que não está ligada a nenhuma outra obra e geralmente tem um título que a descreve. Parece um pouco com o poema sinfônico.


Concerto - Obra para orquestra e um ou mais instrumentos solistas. No barroco (Séc. XVI-XVII) existia o Concerto Grosso, que antepunha a orquestra a vários outros instrumentos. Posteriormente, no classicismo, no romantismo e no modernismo, o mais comum é um concerto para orquestra e mais um instrumento solista. Também tem entre 3 e 4 movimentos, sendo de longa duração.


Quarteto de Cordas - Obra também de longa duração, tem geralmente 4 movimentos e é escrita para dois violinos, viola e violoncelo. Existem também o Trio de Cordas (violino, viola e violoncelo) o Quinteto de Cordas (para 2 violinos, 2 violas e um violoncelo - mas que pode variar, por exemplo, apresentando 2 violinos, uma viola, um violoncelo e um contrabaixo) e o Sexteto de Cordas (com 2 violinos, 2 violas e 2 violoncelos).


Quinteto de Sopros - Obra também com 3 a 4 mocimentos, para quinteto de madeiras (flauta, oboé, clarinete, trompa e fagote - embora a trompa seja da família dos metais, ela mescla muto bem com as madeiras). Existe também o Quarteto de Sopros, que pode ter combinações com quaisquer dos instrumentos acima.


Suíte - Existe a Suíte de Balé, que são trechos selecionados de um balé para ser apresentado em sala de concertos; e a Suíte de Concerto, um conjunto de peças (inicialmente originadas em ritmos de dança), mas que não se tem programa, ou seja, enredo, sendo apropriado à sala de concertos desde sua concepção.


 

Forma sonata


Como aqui é um glossário, falarei brevemente sobre a forma sonata, prometendo fazer um post dedicado. Trata-se de uma forma e de uma fôrma. É um molde em que o compositor deve encaixar suas ideias.


Sua aparência mais comum é como a seguir:


Introdução - Uma introdução geralmente lenta, que serve para lançar o clima da peça.


Exposição - Aqui são apresentados os 2 ou 3 temas principais da peça. A exposição pode ser repetida.


Desenvolvimento - Em que o compositor vai mostrar suas habilidades de manipular os temas, transformando-os, modulando-os, misturando-os etc.


Recapitulação - A repetição da exposição, com algumas alterações importantes.


Coda - Os últimos "parágrafos" do movimento.


 

A partitura


Temos cinco linhas paralelas, chamadas pentagrama. A posição vertical de uma bolinha determinará de que nota se trata. Veja:

Alguma ideia de por que o Sol está destacado? Porque estamos na Clave de Sol. É o primeiro símbolo (𝄞) que você vê na partitura. Acredite ou não, lá pela idade média isso era um G, que é como os anglo-germânicos chamam a nota Sol. O ponto em que você começa a desenhá-la é a segunda linha. Isso significa que a nota que cair sobre aquela linha será o Sol. E daí é só calcular o resto. Em cima dele, o Lá, embaixo, o fá. Sempre uma nota na linha e uma no espaço.


Teoricamente as alturas na partitura são infinitas, porque você pode adicionar linhas suplementares em cima eu embaixo.

Agora observe: se não indicarmos que ali é o Sol, teremos que indicar outra coisa. Não pode ficar vazia, a clave, porque é ela quem determina uma nota de referência. Existem outras, como verão:

Na Clave de Fá, por exemplo, os dois pontinhos que você vê indicam a linha onde estará a nota .

 

Os instrumentos

As madeiras


Flauta - instrumento da família das madeiras - mesmo que seja feita de ouro, pois as primeiras flautas eram de madeira - que inclui uma família: o flautim, a flauta contralto e a flauta baixo.


- Momento de destaque na música orquestral: Pantomime (Les amours de Pan et Syrinx) do balé Daphnis et Chloé, de Maurice Ravel


De cima para baixo - Flautim, Flauta, Flauta Contralto e Flauta baixo
De cima para baixo - Flautim, Flauta, Flauta Contralto e Flauta baixo.

Oboé - Instrumento agudo das família das madeiras, é também da família das palhetas, apresentando palheta dupla.


- Momento de destaque na música orquestral: Tema do Cisne, do balé O Lago dos Cisnes, de Pjotr Tchaikovsky.

Oboé e palheta
Oboé e sua palheta dupla, cujo atrito as faz vibrar e produz o som.

Corne Inglês - Um oboé contralto, se se pode dizer assim. Funciona como um oboé mais grave. Não está sempre na orquestra, especialmente até o começo do século XIX, mas é muito utilizado a partir do romantismo médio e tardio (com Berlioz, César Franck, Dvořák, Borodin, Tchaikovsky), especialmente como instrumento solista. Não que ele fique à parte, na orquestra, mas não aparece muito em tutti (que é quando a orquestra toda toca). O que o corre é que lhe dão muito material melódico. E, pelo seu caráter grave, rouco, são melodias geralmente suaves, melancólicas ou sensuais.


Assim como o oboé, é um instrumento de palheta dupla, com uma pequena curvatura no tudel. É cerca de 50% maior que o oboé. Antigamente era tocado por um fagotista da orquestra, depois passou a ser tocado por oboístas. Hoje, toda orquestra tem um instrumentista dedicado ao corne inglês.


- Momento de destaque na música orquestral: 2º Movimento - Largo, da Sinfonia nº 9 "Do Novo Mundo", de Antonín Dvořák.


Clarinete - Instrumento também de palheta, mas de palheta simples, como o saxofone. Muito da responsabilidade por sua inclusão na orquestra, no final do classicismo (Séc. XVII) é de Mozart e de Haydn.


Na orquestra romântica e moderna é instrumento obrigatório, geralmente em dupla ou até quarteto. Até hoje, a depender da obra, pede-se clarinete em lá ou em si bemol. Seu naipe costuma ser complementado pelo clarone (ou clarinete baixo) e pelo clarinete em mi bemol (ou requinta, que é menor e mais agudo).


- Momento de destaque na música orquestral: Introdução da Rhapsody in Blue, de George Gershwin.


Fagote - O instrumento grave da família das madeiras. Também é de palheta dupla, como o oboé. Foi introduzido na orquestra desde o barroco. Um parente mais moderno, mais grave e mais raro é o contrafagote, que só passou a ser frequente na orquestra moderna.


- Momento de destaque na música orquestral: 2º Movimento - Largo, da Sinfonia nº 9, "Do Novo Mundo", de Antonín Dvořák.


 

Os metais


Trompa - Intrumento de som doce, muito importante na orquestra. Seu tubo é tão grande que precisa de muitas curvas, ficando com formato arredondado. O som requerido é adquirido com a introdução da mão esquerda na boca do sino (ela pode ser tirada, para conferir um som mais metálico e até para a introdução de uma surdina).


- Momento de destaque na música orquestral: 2º Movimento - Andante Cantabile, do Concerto para Piano nº 1, de Sergei Rachmaninoff.

Trompete - Instrumento mais agudo da família dos metais. Muito comum em jazz, tanto quanto na música erudita, desde o período barroco (Séc. XVI e XVII). Também presente no trio de metais da música popular (Djavan, por exemplo): trompete, trombone e saxofone. Geralmente, sua afinação é em Si Bemol, mas há outras.


- Momento de destaque na música orquestral: Promenade, de Quadros de uma Exposição, de Sergei Rachmaninoff.

Trombone - O trombone de vara também é um velho membro da orquestra. Geralmente a configuração é: dois tenores e um baixo. O baixo pode interagir com os tenores e com a tuba. O número pode, também, ser maior.


- Momento de destaque na música orquestral: Tuba Mirum, do Réquiem, de Wolfgang Amadeus Mozart.


Tuba - É o instrumento mais grave da família dos metais e um dos mais graves de toda a orquestra. Sua função é basicamente harmônica, executando os baixos da música. Poucas melodias são confiadas à tuba.


- Momento de destaque na música orquestral: Concerto para Tuba, de Ralph Vaughan Williams.


 

As cordas


Violinos - Os violinos são, talvez, os mais importantes instrumentos da orquestra (se bem que é bobagem falar isso, já que uma orquestra é justamente um conjunto de instrumentos). O primeiro violinista, chamado spalla, tem funções muito importantes na orquestra, sendo considerado o braço direito do maestro. Com o spalla, temos geralmente 14 primeiros violinos e 12 segundos violinos. Essa divisão se dá para que tenhamos duas sessões soprano (mais agudas) no naipe das cordas, de modo que os primeiros violinos tocam coisas diferentes dos segundos. Às vezes esses dois naipes se encontram lado a lado, de modo que não fica fácil distinguir os primeiros dos segundos. Mas em algumas orquestras, os primeiros ficam do lado esquerdo da meia-lua, e os segundos, do lado direito.


- Momento de destaque na música orquestral: 1º movimento - Molto allegro, da Sinfonia nº 40, de Wolfgang Amadeus Mozart.


Violas - São instrumentos que se tem que usar de maneira calculada. Seu tímbre é forte, grave e melancólico, de modo que, sozinhas (são cerca de 10 violas em uma orquestra) elas podem soar pesado e dramático demais. Eu particularmente sou apaixonado pelo seu som. É um instrumento bem maior que o violino, mas ainda é tocado do mesmo jeito.


- Momento de destaque na música orquestral: Concerto para Viola, de Béla Bartók.


Violoncelo - São os tenores da família das cordas. Seu som, especialmente em conjunto, pode ser aveludado e lírico (aparecem de 8 a 10 em uma orquestra convencional). Por ser bem maior que a viola, é posicionado entre as pernas, e sua técnica de arco é completamente diferente.


- Momento de destaque na música orquestral: 1º movimento - Allegro Molto, da Sinfonia nº 8, de Antonín Dvořák.


Contrabaixo - É o instrumento mais grave da família das cordas. Geralmente usam-se de 4 a 8 na orquestra. Sua função, como a da tuba, é fornecer apoio harmônico, tocando o baixo dos acordes. E, assim como ela, temos poucas melodias atribuídas à sessão de baixos.


- Momento de destaque na música orquestral: O Elefante, da suíte O Carnaval dos Animais, de Camille Saint-Saëns.


 

Os períodos

Idade Média


Idade Média abrange um período enorme em que nada evoluiu. E não falo só da música. Foram 1000 anos (do Séc. V ao XV, mais ou menos) e temos surpreendentemente muita música sobrevivente desse período. A Música Medival pode ser sacra, como o cantochão (já ouviu falar em Canto Gregoriano?) ou profana, e é interessantíssima.


 

Renascença


Aqui a coisa começa a ficar séria. Séculos XV e XVI. Principalmente na música coral, especificamente católica. Os próprios sacerdotes às vezes ditavam regras, decretavam que tal intervalo entre duas notas era do cão etc. A música coral se tornou absurdamente complexa, com o desenvolvimento do contraponto (várias melodias cantadas simultaneamente). Os compositores, verdadeiros mestres tanto quanto os pintores e escultores, lidavam com regras de contraponto sem fim e também com as regras de harmonia. Se na Idade Média, 16 pessoas cantavam uma só voz (voz é como a gente chama cada linha melódica), na Renascença, as 16 pessoas cantavam 16 vozes. Imagina ter que compor 16 linhas melódicas diferentes e obedecendo uma infinidade de regras! Alguns dos principais desses mestres foram Guillaume Dufay, Josquin des Prez, Orlando de Lassus, Thomas Tallis, Giovanni da Palestrina e Claudio Monteverdi. Só para citar alguns poucos.


Observe a música abaixo, que começa harmônica, com todas as vozes cantando a mesma melodia, e depois se divide. É um coral da tradição Tudor.




Virginal
Virginal.

Teve também a música virginal inglesa, que foi o primórdio do desenvolvimento do piano (o virginal é uma espécie de antepassado do piano), da qual os principais compositores foram Orlando Gibbons, William Byrd e John Bull. São compositores da corte dos Tudor e dos Jacobinos.


A música, nessa época, era escrita para teclado, e podia ser tocada em cravos, virginais e clavicórdios. Portanto, a música instrumental aqui começou a ganhar importância, com menos reverência a Deus e com um propósito mais artístico (ou de entretenimento, não vamos nos enganar).


Outro fenômeno inglês foram os alaudistas e cantores. Algo como os "cantautores" de hoje. A música deles às vezes era chamada de Música de Melancolia. Eles se acompanhavam no alaúde, um instrumento parente do violão, mas com 15 ou mais cordas (o violão tem 6). O principal foi John Dowland, mas tínhamos também seu irmão, Robert Dowland, Francis Cutting e muitos outros. Havia também alaudistas na França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda e até na Áustria e Alemanha.



 

Música Barroca


Toda proposta gera uma contraproposta. Todo movimento gera uma reação. A complexidade da música coral Renascentista estava ficando tão séria que a Camerata Fiorentina, um grupo de músicos, artesãos, pintores e humanistas de Florença, decidiu que tinha passado dos limites. Seus ideais eram os da antiguidade clássica, de Roma e da Grécia Antiga, que, segundo eles, valorizava o discurso, a palavra falada, em seus dramas musicais (na Renascença, algumas obras tinham não só melodias diferentes, mas letras diferentes).


A harmonia (o canto conjunto de vozes com pouca independência entre si), se sobrepusera ao contraponto. Também a música instrumental teve um salto de desenvolvimento, adquirindo no Barroco o status de arte pura.



Os compositores tinham uma formação muito completa, dominando, muitas vezes, vários instrumentos (no mínimo o cravo, o órgão e o violino ou a viola da gamba), o contraponto (que, embora perdesse a espaço, jamais perdeu a importância), a harmonia (a qualidade de combinar vozes de maneira homogênea), tinham que saber escrever música para coral, ópera (que começava a surgir), para órgao e teclado, e para consorts. Os consorts são grupos de instrumentos da mesma família, do mais agudo ao mais grave. Um exemplo é o consort de violas da gamba, que tinha soprano, contralto, tenor, baixo e duas espécies de contrabaixo. Outro exemplo é o de flautas doces, com soprano, contralto, tenor e baixo. Essas organizações se moldavam na organização do coral, que tinha dois grupos de mulheres (as sopranos, de voz mais aguda e as contraltos, de voz mais grave) e dois grupos de vozes masculinas (os tenores, mais agudos e os baixos, mais graves - ocasionalmente os corais tinham barítonos, que são intermediários entre tenores e baixos).


Consort de Violas da Gamba
Consort de Violas da Gamba.

As obras mais importantes do barroco eram as sacras, como missas, motetos, salmos, paixões, oratórios e as profanas, como os concertos, em que um grupo de instrumentos servia de acompanhamento para um ou mais instrumentistas brilharem. Os principais compositores do Barroco são Johann Sebastian Bach, Georg Friedrich Haendel, George Phillip Telemann, Antonio Vivaldi, François e Louis Couperin, Alessandro e Domenico Scarlatti, Jean-Philippe Rameau e Giovanni Battista Pergolesi.


As maiores contribuições que o período Barroco deu às gerações musicais posteriores foram a ópera (o teatro cantado) e a organização da orquestra (ainda que pequena, já começavam a haver conjuntos padrão).


 

Música Clássica


Depois do Barroco, que ainda lidava com música bastante polifônica e complexa, surge o Classicismo. Na verdade, o que hoje se convencionou chamar de Música Clássica compreende a Música Medieval, Renascentista, Barroca, Clássica, Romântica, Moderna e Contemporânea, mas a "verdadeira" Música Clássica é a que se fazia entre 1750 e 1800, mais ou menos. Na Música Clássica, o contraponto perde ainda mais espaço. O que existe agora é uma melodia principal acompanhada por acordes dos outros instrumentos.


Aqui surgem em suas formas finais a Sinfonia, a Sonata e o Concerto, o Quarteto de Cordas, o Trio com Piano. Aliás, aqui se consolida o piano. Enfim, agora existem os quatro tipos de música que conhecemos até hoje: a ópera, a música sinfônica, a música de câmera e a música sacra. A orquestra começa a crescer.


Os principais compositores são os filhos de Bach, Carl Phillipp Emmanuel Bach, Johann Christian Bach etc., Wolgang Amadeus Mozart e Franz Haydn.



 

Música do Romantismo


Com a proliferação do piano a música ganhou expressividade. No cravo, o instrumento das famílias barrocas, não importava a pressão que você colocava nas teclas, o som saía com a mesma intensidade. O novo instrumento se chamava fortepiano porque podia tocar forte e piano, que, em italiano, é fraco. Isso teve consequências absurdas. Um dos primeiros a perceber o potencial do piano foi Ludwig van Beethoven (que é mais ou menos o responsável pela transição entre o Classicismo e o Romantismo).


Perceba na obra abaixo como ele usa o forte e o fraco no piano para atribuir sentimentos à música. É a Sonata "Pathétique", de 1798.



A orquestra ganha ainda mais instrumentos e possibilidades, de modo que começa a surgir a necessidade de um regente para coordenar todos os músicos. É o maestro, figura que não tinha tanta importância até o período anterior, quando era usado mais em óperas e corais.


A música do Romantismo é a mais tocada nas salas de concerto de hoje em dia. São inúmeros compositores importantes: Beethoven, Hector Berlioz, Franz Schubert, Félix Mendelssohn, Robert Schumann, Clara Schumann, Frédéric Chopin, Franz Liszt, Giuseppe Verdi, Richard Wagner, Johannes Brahms, Pjotr Tchaikovsky, Antonín Dvořák, Anton Bruckner, Gustav Mahler e Sergei Rachmaninoff.


No final do século XIX, a orquestra, que no Barroco tinha 10 a 16 músicos, passa a ter 80, até 100.


Modernismo


Assim como nos outros estilos, não houve uma ruptura brusca e pontual entre um movimento e outro. O modernismo começa a começar quando o operista romântico Richard Wagner escreve um acorde sem solução (os acordes, em geral, se dividem entre os que geram tensão e os que geram relaxamento). No caso do Acorde de Tristão, só há tensão, sem relaxamento. Ele fez isso sem querer necessariamente romper com nada.


Apenas muitos anos depois, músicos como Claude Debussy e Maurice Ravel, já na entrada do século XX, começaram a fazer música cheia de acordes sem solução. Além disso, repleta de efeitos, dissonâncias, quebra de regras etc. A música passa a ficar bárbara, como a de Igor Stravinsky, Béla Bartók, Sergei Prokofiev e Dmitri Shostakovich. E muito tensa, e muito expressionista.


Veja abaixo um trecho do balé "A Sagração da Primavera", de Stravinsky.



 

Música Contemporânea


Um pouco diferente da Música Moderna, a Música Contemporânea é onde passa a valer tudo. John Cage fez uma música tecnicamente para piano, chamada 4'33'', que consiste em o músico ficar parado em frente ao piano por 4 minutos e 33 segundos.


Um professor me contou de uma obra que eu nunca vou esquecer. Aliás, a música era totalmente irrelevante. O que importava era o posicionamento de um balde de feno sob o piano. Karlheinz Stockhausen fez o Quarteto de Cordas "Helicóptero", cuja execução envolve quatro músicos voando em quatro helicópteros de verdade, comunicando-se por equipamentos de áudio e vídeo.


É como se fazer música tivesse perdido a graça, o interessante agora era inventar moda ou fazer música ultra complexa, só apreciável por músicos ou estudiosos. O público respondeu migrando para os Beatles.

 


Esses foram alguns termos que vão ajudar você a navegar pelo site e a entender melhor de música de concerto. Omiti alguns para não ficar um texto por demais comprido. Além disso, tenho certeza que esqueci de alguns, e talvez de tópicos inteiros. Mas sigamos.


Como sempre, sinta-se encorajado a comentar, com sugestões, críticas, elogios e simplesmente pra trocar uma ideia.


Uma opção para o dilema de tocar ou não Música Russa nos concertos hoje em dia.


Aqui, 10 Livros Sobre Música Clássica


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Papo de Arara (Entrevistas)



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