Olha. Vamo lá. É a minha opinião. De músico, de músico que não conhece nada de música pop, mas que dessa banda conhece tudo. Nesse Top 10 conta tudo que for dos Beatles, todos os discos lançados com o nome oficial The Beatles. Incluindo Past Masters, Anthologies, Yellow Submarine, BBC etc. Vai ser a lista mais polêmica de todos os tempos. Mas eu sustento. Tem coragem? Então bora.
A discografia da banda, pra você se situar, é a seguinte:
Please Please Me (1963)
With The Beatles (1963)
A Hard Day's Night (1964)
Beatles For Sale (1964)
Help! (1965)
Rubber Soul (1965)
Revolver (1966)
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)
Magical Mystery Tour (1967)
The Beatles (Álbum Branco) (1968)
Yellow Submarine (1969)
Abbey Road (1969)
Let It Be (1970) (depois daqui o grupo se separou, e todos os lançamentos subsequentes envolvem gravações dos anos 60)
Past Masters (1988) (compilação)
Live At The BBC (1994)
Anthology 1 (1995) (compilação e takes alternativos, com uma música nova: Free as a Bird, que foi trabalhada pelos 3 Beatles então vivos, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, sobre uma gravação antiga de John Lennon)
Anthology 2 (1996) (também com uma música nova: Real Love)
Anthology 3 (1996)
1 (2000) (compilação)
Let It Be... Naked (2003) (uma nova mixagem de Let It Be)
Love (2006) (uma colagem feita para um espetáculo do Cirque du Soleil)
Live At The BBC, Volume 2 (2013)
Live At The Hollywood Bowl (2016)
10 - Past Masters
Quando eu era pequeno eram dois volumes. Eu indicaria o 2, mas, como agora vêm juntos, melhor ainda. São os singles que não saíram em álbuns, então tem desde a boba Love Me Do até maravilhas como Hey Jude, Across the Universe, e The Inner Light. Tem coisas esquisitas, também, como You Know My Name (Look Up The Number), uma faixa que eles tinham gravado e não sabiam o que fazer dela. Acabaram lançando como single. Eu gosto, mas não é pra todo mundo. De resto, praticamente todas as músicas são conhecidas e a maioria você não encontra nos álbuns, de modo que é um disco indispensável.
9 - Help!
O último disco da fase Rock 'n' Roll, ou fase Iê iê iê, Help! é também o mais legal. Metade do álbum é composto por canções que fizeram a trilha sonora do filme homônimo. Aqui, pela primeira vez aparece um Beatle sem os outros: Paul canta Yesterday com um quarteto de cordas. Além da icônica canção título temos Ticket to Ride, The Night Before, I Need You e I've Just Seen a Face.
8 - Rubber Soul
O começo da fase madura da banda. Pra quem não sabe, eles têm duas. A Iê iê iê e a madura. O Rubber Soul é a transição para a fase psicodélica. Começa com Drive My Car (adoro, veja), e você pensa que vai ser a mesma coisa dos 5 discos anteriores, mas logo vem Norwegian Wood e já dá pra notar diferenças. É a influência de Bob Dylan. Depois teremos músicas bem representativas, como Nowhere Man, Michelle, Girl, In My Life e outras.
7 - Revolver
O disco é de 1966, que foi justamente quando pararam de tocar em público, virando, efetivamente, uma banda de estúdio. Isso permitiu que fizessem experiências musicais, gravando coisas que não seriam capazes de reproduzir num show. Por exemplo: Here, There and Everywhere tem a voz principal e 3 outras fazendo a harmonia. 4 vozes para 3 Beatles, já que Ringo não canta essa. Yellow Submarine tem muitos efeitos especiais: som de água borbulhando, do próprio submarino, ondas etc. E ainda uma banda de metais! Taxman, uma das 3 que George conseguiu emplacar no disco, tem um solo de guitarra gravado de um jeito e tocado ao contrário. Temos ainda Eleanor Rigby, em que eles só cantam, acompanhados por um sexteto de cordas; Love You To; Good Day, Sunshine; For No One e Tomorrow Never Knows - o disco inteiro é um clássico (eu tinha que dizer isso em algum ponto, minhas mãos estão atadas).
6 - Let It Be / Let It Be... Naked
Let It Be é cheio de histórias tristes da banda brigando, da Yoko onipresente (não gosto de passar pano pra ela, mas parece que era o John que queria assim), o que atazanava os outros, claro. Além de brigas, inclusive filmadas e da saída de George. Ele largou, simplesmente desistiu. Até que foi chamado de volta, prometeram que mudariam de estúdio e chamariam seu amigo Billy Preston pra tocar teclado - uma presença nova pra melhorar o ambiente, que, de fato, melhorou.
O disco foi gravado no começo de 1969, antes de Abbey Road. Acontece que foi lançado depois, em 1970, ficando sendo o último lançado pela banda. O grupo queria voltar às suas origens, tocando como banda, ao vivo - em vez de usar orquestras e efeitos de estúdio - seria um disco cru. Ocorre que no final, não tinham um material coeso, e entregaram a fita a vários produtores pra tentar tirar dali um álbum. Até que acabaram entregando a Phil Spector, que fez uns malabarismos que desagradaram o Paul: sua música The Long and Winding Road foi a mais afetada, recebendo um arranjo orquestral grandioso e extravagante, que ia totalmente contra a proposta de fazer um disco raiz. Mas foi lançado mesmo assim: o único disco de carreira dos Beatles a não ser produzido por George Martin.
Então, em 2003, com autorização dos Beatles vivos (Paul e Ringo) e das famílias dos outros, eles lançam Let It Be... Naked, que parece mais com a proposta inicial. Indico esse disco porque é melhor que o antigo, mas todo mundo tem que ter a experiência de escutar o outro. Eles têm Let It Be, Across The Universe, The Long And Winding Road, I Me Mine, Don't Let Me Down, Get Back. Na verdade, é sensacional.
5 - Love
Love é uma colagem de músicas de todos os discos da banda feita por George Martin, o lendário produtor e arranjador dos Beatles, e seu filho Giles Martin, para um espetáculo do Cirque du Soleil de mesmo nome. Acontece que é uma obra de arte. E sim, é um lançamento oficial dos Beatles. Altamente nostálgico, o álbum conta quase exclusivamente com sons gravados pela banda (a exceção é um arranjo de cordas sobre um take demo de While My Guitar Gently Wheeps, que é um dos pontos altos do disco).
Começa com Because destituída do seu instrumental, só com as vozes. Depois, Get Back, só que começando com o acorde de A Hard Day's Night e com a bateria de The End. E aí teremos várias misturas (mashups). Que combinam muito bem. Drive My Car tem o solo de Taxman e quando sai do solo é What You're Doing, com um riff duplo: dela mesma e de Drive My Car. É muito bom. Ninguém poderia ter feito trabalho melhor.
Tem até música ao contrário, como Gnik Nus, que é Sun King, desembocando em Something.
4 - Magical Mystery Tour
Sim, a gente tem que ponderar a respeito desse álbum. Ele é a mistura da trilha sonora de um filme de mesmo nome que eles fizeram para a televisão, com músicas de singles. Foi lançado como EP (6 faixas) na Inglaterra. Mas o fato é que hoje, na discografia oficial deles, o que conta é o disco tal como foi lançado nos EUA, ou seja, 11 faixas. E se contarmos essas 11 o disco é excepcional. Tem Penny Lane e Strawberry Fields Forever. Além de All You Need Is Love, The Fool On The Hill, Your Mother Should Know e Blue Jay Way.
3 - The Beatles (White Album/Álbum Branco)
Sobre o Álbum Branco, é consenso que seria melhor que fosse um disco simples. Resolveram lançar como duplo, e algumas faixas são criticadas. Precisavam mesmo estar lá?
Bom, eu só lembro de 2 que realmente forçam a barra: Wild Honey Pie e Revolution 9. Também não gosto de Birthday e Everybody's Got Something To Hide...
De bom, tem todo o resto, com atenção especial a While My Guitar Gently Wheeps, Hapiness Is A Warm Gun, Martha My Dear, Blackbird, Honey Pie.
2 - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
O disco mais psicodélico dos Beatles, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band é um marco na discografia popular dos anos 60. Qualquer Top alguma coisa relacionada a música Pop ou Rock, tem esse disco no topo ou perto dele. É tido como um álbum conceitual, de forma que é mais comum a gente ouvir o disco todo do que canções individuais. Mas ele tem a canção título, With A Lillte Help From My Friends, Lucy In The Sky With Diamonds e A Day In The Life. Gosto muito das do Paul: Fixing a Hole, Getting Better e When I'm Sixty Four.
1 - Abbey Road
Em 69 os Beatles subiram no telhado. E também atravessaram a rua. Esse, embora lançado antes do Let It Be, foi o último disco gravado pelo quarteto. Com Come Together, Here Comes The Sun, Oh, Darling, Something e Because no lado A, o disco conta com um medley no lado B, que culmina com a fantástica The End, em que os 4 improvisam e termina com a maravilhosa frase: "E, no final, o amor que você tem é igual ao amor que você dá". A última frase do último álbum da banda mais famosa do mundo. Bom, tecnicamente, ainda tem Her Majesty, uma faixa curtinha escondida depois de vários segundos de silêncio. Eu fiquei entre ele e o Sgt. Pepper's, mas acaba que eu escuto mais esse.
E aí, concorda? Discorda? Faça polêmica e barulho nos comentários. Mas a palavra é love.
Leia também nossas listas de melhores faixas do Rock 'n' Roll em rolagem regressiva, dos anos 2010 até os anos 50: