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  • Foto do escritorRafael Torres

10 Discos para Entender Mozart

Atualizado: 3 de dez. de 2021

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) começou a compor cedo. Foi uma das maiores crianças prodígio da história. Atingiu a maturidade musical também muito cedo, antes dos 20 já compunha obras magistrais. Joseph Haydn, seu amigo e famoso compositor, chegou a dizer que Mozart era o maior compositor que ele já tinha visto ou ouvido falar. Como tudo nele era prematuro, a morte também foi. Aos 35 anos ele morria em Viena, para onde tinha se mudado para ser compositor freelancer, talvez o primeiro da história.


Vamos percorrer uma discografia que não vai incluir suas amadas óperas, porque eu não entendo e não conheço o gênero. Mas não teremos apenas música instrumental, pois amo a música sacra dele.

 

Concertos para Flauta e Harpa; para Flauta Nº 1; e para Fagote - Beznosiuk, Kelly, Bond e Christopher Hogwood regendo a Academia de Música Antiga


O Concerto para Flauta e Harpa é bem juvenil, ele compôs aos 21 anos. Mas é uma jóia. É por ele que eu recomendo esse CD. Mas os Concertos para Flauta e o para Fagote também são muito interessantes.


Aqui temos uma interpretação com instrumentos e técnicas da época de Mozart. Veja mais sobre isso aqui.


Hogwood, que conduz ao cravo, tira uma sonoridade única da orquestra, destacando as eventuais dissonâncias que apareçam. As gravações são de 1986 e 1987.


 

Serenatas Nº 10 "Gran Partita" e Nº 12 "Nacht Musik" - Harmonie de l'Orchestre des Champs-Elysées, regida por Philippe Herreweghe


São duas obras sensacionais. A "Gran Partita" tem o famoso movimento lento que o Salieri descreve com paixão no filme "Amadeus". Mas também tem um tema com variações e um rondó maravilhosos. As duas serenatas são de cerca de 1782.


São só instrumentos de sopro e mais um contrabaixo (na Gran Partita). Que às vezes é substituído por um contrafagote. Nessa música, obrigatoriamente, tem-se que usar instrumentos da época, porque alguns, como o basset horn só eram usados naquele tempo.


Herreweghe e seu grupo parisiense nos dão uma das melhores versões de ambas obras, numa gravação de 1995.


 

Concerto para Piano Nº 23 e Sonata Nº 13 - Vladimir Horowitz, Orquestra do Teatro Scala de Milão, sob Carlo Maria Giulini


Nessas gravações de 1987 temos as melhores interpretações de Mozart pelo pianista ucraniano Horowitz. Não tem nada de época aqui: usam-se instrumentos modernos, uma orquestra grandinha e vibrato. Mas isso não é menos autêntico que as gravações HIP (historically informed performance). O som de Horowitz, aqui com 84 anos, é delicioso, e ele toca um non legato de fazer inveja. E toca uma cadência de Busoni que raramente é ouvida. A orquestra, sob Giulini, está ótima.


Este concerto, de 1786, é o meu favorito. Ele foi composto junto do 24º e do 25º. São três obras primas. Teremos mais concertos para piano, porque estão entre as obras mais importantes de Mozart.


A sonata, de 1783, é tocada com bravura. Também é uma das minhas sonatas favoritas, e essa interpretação é simplesmente de cair o queixo.


 

Quinteto com Clarinete e Quarteto de Cordas Nº 15 - Quarteto Arcanto e Jörg Widmann


Esta é uma das gravações mais sensacionais do prezadíssimo Quinteto com Clarinete, de 1789, dois anos antes da morte do compositor. As articulações, a precisão timbrística, a entonação, tudo está perfeito. O Quarteto Nº 15, um dos mais arrepiantes, de 1783, recebe o mesmo tratamento. A escrita para quarteto de cordas, recente para Mozart, já alcançava níveis altíssimos. A gravação, de 2013, é muito boa.


Para conhecer a música de câmara de Mozart, não conheço gravação melhor.


 

Concertos para Piano Nos. 20, 21, 25 e 27 - Friedrich Gulda, com Claudio Abbado regendo a Filarmônica de Viena


Estou trapaceando, porque são dois discos. Mas no Spotify e nas outras plataformas estão juntos, de modo que vale. Quando começa o Concerto Nº 20 é de arrepiar. Gulda, um dos maiores pianistas do século XX, é sensacional. Ele tem um som duro, diferente de Mitsuko Uchida e Maria João Pires, que tocam Mozart com a maior delicadeza. Nesse concerto ele usa a cadência de Beethoven, mas em outros ele toca cadências dele mesmo, que também era compositor. Foram gravados entre 1974 e 75. O 21º é o mais conhecido. O tal do "Elvira Madigan". É plácido e cantante. O 25º é uma espécie de concerto "heróico", como seriam os de Beethoven, posteriormente. E o 27º é de uma pureza que só uma criança.


E chega de concerto para piano. Ou não, os concertos todos (são 27) são fenomenais.


 

Concerto para Clarinete, Concerto para Fagote e Concerto para Flauta Nº 2 - Carbonare, Zoom, Santana e Orquestra Mozart, regida por Claudio Abbado


Esse registro, de 2013, eu indico pelo Concerto para Clarinete. Escrito em 1791, ano da sua morte, é um encanto. É o Concerto para Clarinete mais conhecido e mais tocado. O movimento central é belíssimo, e os periféricos são perfeitos. O Concerto Nº 2 para Flauta, na verdade é o Conceto para Oboé adaptado. Mas funciona bem dos dois jeitos. O de Fagote é de Fagote, mesmo.


Abbado usa algumas intenções e ideias do movimento HIP, mas as aplica num ambiente moderno.


 

Sonatas Nº 11 e 14 e Fantasias - Maria João Pires


Maria João Pires, pianista portuguesa respeitadíssima, não poderia faltar nessa lista. Seu Mozart é delicado, um tanto contido, legato, mas muito musical.


As sonatas, a 11ª é de 1783, e é a que contém o famoso Rondó Alla Turca. A 14ª é do ano seguinte e é uma beleza. As fantasias são obras à parte. Mozart solta sua criatividade e cria obras do futuro, nem parece ele.


Depois dos másculos Horowitz e Gulda, você vai querer ouvir esse toque feminino.


 

Grande Missa em Dó Menor - Gabrielli Consort e Paul McCreesh na regência

Essa missa, de é um milagre. Toda ela é linda, aí quando você nem espera mais perfeição, vem o Et Incarnatus Est. É um quarteto da soprano com uma flauta, um oboé e um fagote de uma beleza que não tem descrição.


A missa, de 1883, não foi terminada por Mozart, mas faltou pouco.


A gravação do Gabrielli Consort com Paul McCreesh é uma das mais celebradas.


 

Réquiem - Academia de Música Antiga, com Christopher Hogwood


Esta ainda é minha versão favorita do Réquiem, junto da de Giulini e da de Mackerras. Mas a de Hogwood tem uma vantagem: usa coro infantil. Quando aquelas vozes de crianças vão invadindo sua cabeça você se arrepia inteiro.


Farei um post dedicado ao Réquiem, porque ele tem uma história interessante e complicada, já que Mozart morreu antes de concluí-lo, em 1791. Ele foi terminado por um aluno, Franz Xavier Süssmayr, que, na minha opinião, fez um ótimo trabalho.


Nesse CD, de 1984, eles usam um Amem fugado, no final da Lacrimosa, que tinha sido recentemente encontrado e que eles atribuíram ao Réquiem. E ainda tem minha soprano favorita, Emma Kirkby.


 

Sinfonias Nos. 40 e 41 "Jupiter" - Orquestra de Câmara de Praga, sob Charles Mackerras


Essas gravações de Mackerras, com cravo, de 1986, não poderiam faltar. Aliás, não poderiam faltar sinfonias de Mozart. E essas duas, compostas quase juntas, em 1788, são as últimas e mais elaboradas. A 40 é conhecidíssima e bela. A 41 é um titã, por isso recebeu um nome (que não foi dado por Mozart) tão grandioso. Elas avançam na direção de Beethoven e do romantismo, embora ainda faltassem alguns anos para o romantismo se consolidar.


 

Conheça essas obras, meu jovem, e estará bem encaminhado na obra de Mozart. Acrescente as óperas, principalmente: As Bodas de Fígaro, Don Giovanni e A Flauta Mágica e será um conhecedor respeitável do compositor.


Comente aí o que achou. Tem outras obras e gravações que você acha essenciais?


E veja nossas famosas listas:


E análises de obras:


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