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Foto do escritorRafael Torres

Top 10 Gravações do 2º Concerto para Piano de Brahms

Já escrevi um artigo de análise desse concerto. Veja aqui. E também sobre o 1º Concerto para Piano. Por fim, o Top 10 das gravações do 1º Concerto. Agora é a vez de eu demarcaer quais são as minhas 10 gravações favoritas do 2º Concerto para Piano, em Si Bemol Maior, Op. 83.


É um concerto certamente mais cheio de nuances que o primeiro: seu primeiro movimento é heróico, o segundo é um scherzo brilhante, o terceiro é um belo diálogo entre o piano e o violoncelo e o finale é, talvez, mais bem sucedido que o daquele. É também mais sinfônico, ou seja, se aproxima mais de uma sinfonia com piano do que de um concerto: tem 4 movimentos; a escrita para piano, embora dificílima, não é exibicionista; e a concisão temática e estrutural lembram uma sinfonia.


Mas vamos lá. Lembrando que, se você não conhece bem o concerto, qualquer uma dessas gravações será uma boa introdução, sendo que algumas vão ser mais, digamos, definitivas, que outras.


10. Géza Anda, com a Filarmônica de Berlim regida por Herbert von Karajan

Com muita sensibilidade, o regente austríaco Herbert von Karajan e a Filarmônica de Berlim acompanham o pianista húngaro Géza Anda nesta gravação de 1968. É uma interpretação sem muitos arroubos, mas de uma beleza ímpar. Há quem diga que Anda não tinha uma técnica tão soberba assim, mas eu discordo. Foi um dos primeiros a gravar a integral dos concertos de Bartók, que inclui o dificílimo Concerto Nº 2.


Ele só não era dado a brilhar desnecessariamente. E por isso mesmo deve ser louvado. Aqui ele faz tudo para se encaixar na sonoridade opulenta de Karajan, dando ênfase à ideia de que o concerto é uma sinfonia-concerto. O resultado é uma versão quase modesta, humilde, mas muito musical.


(a partir da faixa 217)



9. Maurizio Pollini, com a Filarmônica de Berlim regida por Claudio Abbado

Maurizio Pollini, com sua técnica arrebatadora, toca o concerto como se fosse seu café da manhã. A mesma Filarmônica de Berlim, regida por Abbado, agora tem mais identidade nos sopros, mantendo o belíssimo legato das cordass. É de 1995.



8. Krystian Zimerman, com a Filarmônica de Viena regida por Leonard Bernstein

Bernstein está bem elegante nessa gravação de 1985. Zimerman não tem dificuldade em acompanhar a orquestra. Repare no belíssimo 3º movimento, de que é arrancada a última gota de expressão, com um belo solo de violoncelo de Wolfgang Herzer.



7. Ivan Moravec, com a Filarmônica Tcheca regida por Jiří Bělohlávek

De 1988, essa gravação conta com o lendário pianista Ivan Moravec. A Filarmônica Tcheca tem uma sonoridade única, que já demonstra na entrada da trompa. É uma gravação sensível e o som é muito bom.



6. Vladimir Ashkenazy, com a Orquestra do Concertgebouw regida por Bernard Haitink

A Filarmônica de Viena sob Haitink oferece um acompanhamento exemplar para o russo Vladimir Ashkenazy, nessa gravação de 1984. Ela tem um "clima" especial. Uma atmosfera. Não considero o pianismo exatamente idiomático para Brahms. Ashkenazy tocou no modo "romântico genérico". Fez muito bem, porque se destacou das outras. O som é ainda melhor do que a gravação do primeiro com os dois, pois neste, usaram a Concertgebouw, cuja sala tem uma acúsitica complicada.



5. Stephen Hough, com a Sinfônica da BBC regida por Andrew Davis

Nessa gravação de 1990 o destaque é o prodigioso pianista inglês Stephen Hough. Ele consegue impressionar sem ser chamativo. Gosto muito também do som, que é presente, mas não muito alto, na masterização. A BBC, com Davis, está fantástica. Escute o segundo movimento. A maioria das interpretações transforma isso em uma montanha, mas eles tocam quase com simplicidade, quase casual. Muito bom.



4. Joseph Moog, com a Deutsche Radio Philharmonie, regida por Nicholas Milton

O jovem pianista alemão Joseph Moog é um talento. Nessa gravação quase camerística de 2017, ele e a orquestra parecem pertencer e gerar a mesma energia. Você ouve o arranhado do arco nas cordas, a respiração dos sopros e o martelar do piano. A engenharia de som é incrível. Sem falar na facilidade com que tocam.



3. Wilhelm Backhaus, com a Filarmonica de Viena regida por Karl Böhm

Em 1967, Wilhelm Backhaus tinha 83 anos. Mas essa gravação não merece o terceiro lugar porque ele se superou em idade tão alta. Ela tem seu próprio mérito. Tem muita personalidade, é seca, sem gerar os climas da gravação de Ashkenazy, e sobretudo muito bem tocada. O comprometimento do pianista, do regente e da orquestra é extraordinário.



2. Nelson Freire, com a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig regida por Riccardo Chailly


Freire e Chailly causaram furor quando gravaram os concertos em 2006. E não por acaso. São gravações históricas, em que o pianista brasileiro em seu auge era acompanhado por uma das melhores orquestras alemãs e por um regente que compreendia e acrescentava à sua visão. Fiquei entre essa e a do Gilels para o primeiro lugar. É uma leitura forte, mas ao mesmo tempo quase cósmica, colorida e apaixonada.


(CD 2)


1. Emil Gilels, com a Filarmônica de Berlim regida por Eugen Jochum

Essa gravação de Gilels em 1972 com a Filarmônica de Berlim e Jochum supera sua outra, com a Sinfonica de Chicago e Fritz Reiner, em vários aspectos. A começar pelo som, mais encorpado e cheio. A técnica de Gilels é exorbitante. Se essa gravação saísse hoje, de um pianista desconhecido, ficaríamos loucos a dizer que jamais seria superada. Para mim não foi e nem precisa ser. Como disse, é um concerto cheio de nuances, e as 10 gravações, em vez de ficar uma em cima da outra, deveriam ficar lado a lado, porque elas se somam.


(CD 2)


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