Mais uma parceria entre mim e Alan Mendonça, "Flores de Maio" foi o meu primeiro samba, e gosto muito dele. Muito antiga, de quando eu tinha 18 anos, só foi gravada no nosso segundo álbum, o "Jangada Azul".
Teoricamente é um poema dificílimo de musicar, não tem métrica silábica ou de versos, não faz muito sentido e é longo. Mas aos 18 anos a gente pode tudo. E se você parar pra escutar ou ler, vai ver que é uma letra genial!
Flores de Maio
Rafael Torres e Alan Mendonça
Nasceram flores do campo e o quintal floresceu
Minha vozinha a chamar por seu Deus
Às seis horas na cadeira a rezar
Olhando os bem-te-vis
E eu vi dias de maio morrerem assim
Maravilhado no varal a esperar
Meu amor num sorriso avisar
Que era dia de sol e sem mais esperar
Esperando, aconteceu
Minha vozinha pediu ao seu Deus pra me mandar um amor que eu herdei
Esperando o dia de parar
E procurei
Às seis horas na rua central sonhos de maio e o meu carnaval
Bêbado na rua central e chorei 22 dias sem parar
Maravilhado no varal e cinco dias antes de eu morrer
Meu amor sem avisar
Apareceu
Cinco dias depois de eu nascer
Maravilhado no quintal então nasceram
Flores do campo e no quintal floresceram
Quatro brinquedos para um filho meu
Que nasceu nos dias de maio de 2006
Nasceu lutando contra o rei
Em 7 palmos de arreios de ouro
Escreveu poemas de maio a agosto
Às seis horas na rua central descansou da batalha mortal
Às seis horas na rua central deitou pra dormir e sonhar
Então plantei Flores de maio no chão que herdei
Às seis horas na rua central
Sonhos de maio de poeta plantei
Sete sonhos coloridos nas mãos que herdei ontem
Depois do Natal
Então nasceram flores do campo e a praia floresceu
Em maio de um próximo ano
Cinco meses depois de eu morrer Bêbado na rua central
Crucificado no varal No bom mistério que é amar você
Flores do campo não param de nascer
Em verso e prosa no papel machê
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