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As 20 melhores orquestras do mundo segundo...

Atualizado: 23 de fev. de 2023

Segundo a revista Gramophone, uma das mais respeitadas revistas de música clássica do mundo.


Há 11 anos, a lendária revista Gramophone reuniu as opiniões de um punhado dos maiores críticos musicais do mundo e selecionou as 20 melhores orquestras de então. Posso dizer que concordo, claro que a gente sempre quer que uma esteja numa posição melhor ou pior... Mas a lista é coerente, embora eu deva dizer que ela leva em conta apenas as orquestras sinfônicas modernas. Ou seja, deixa de fora as orquestras de câmara (conjuntos um tanto menores) e as que tocam com instrumentos de época (existem orquestras que, quando vão tocar Mozart, por exemplo, utilizam instrumentos da época de Mozart, ou réplicas).


Pois bem, vou lhes passar a lista e comentar brevemente sobre cada.


 

20. Orquestra Filarmônica Tcheca (Czech Philharmonic)


Com base em Praga, tem como sala de concertos o Rodolfinum. Teve regentes lendários como titulares, como Rafael Kubelík, Karel Ancerl, Eliahu Inbal e Jiří Bělohlávek (em duas ocasiões). Hoje, seu regente principal é Semyon Bychkov, um dos mais talentosos da atualidade.


É um conjunto relativamente versátil, mas tem uma certa dedicação especial a compositores Tchecos, como Dvořák, Martinů, Smetana e contemporâneos.


- Gravação recomendada: Prokofiev - Sinfonia Nº 5 - Regente: Ladislav Slovák


 

19. Saito Kinen Orchestra


É uma Orquestra Festival, ou orquestra sazonal. Ela se reúne anualmente no festival Saito Kinen Matsumoto, em Nagano, Japão. Foi fundada pelo grande Seiji Ozawa, o mais célebre regente japonês.


- Gravação recomendada: Bruckner - Sinfonia Nº 7 - Regente: Seiji Ozawa


 

18. Metropolitan Opera Orchestra (conhecida como Met)


É a orquestra da ópera de Nova Iorque, e uma das orquestras de ópera mais famosas do mundo. A Ópera Metropolitana de Nova Iorque, algo como os Teatros Municipais do Brasil, e é a maior organização de música clássica dos Estados Unidos.


Ela me dá peso na consciência. Porque seu regente, com quem fez gravações preciosas, não só de ópera, se envolveu em um escândalo sexual que eclodiu em 2017. Foi imediatamente demitido, mas confesso que, pelo que li, não consigo mais escutar - logo eu, que defendo a separação entre o artista e o ser humano.


Seu atual diretor é o talentosíssimo Yannick Nézet-Séguin.


- Gravação recomendada: Não tenho o que recomendar, porque conheço muito pouco de ópera, e, também, poucas gravações são sem James Levine (o do escândalo).


 

17. Orquestra do Gewandhaus de Leipzig (Gewandhausorchester)


Esta é uma das minhas orquestras favoritas. Extremamente precisa, foi durante anos regida por Riccardo Chailly, que já foi considerado o maior regente dos nossos tempos. Hoje o titular é Andris Nelsons. É muito antiga (do século XVIII), tendo no seu currículo regentes como Felix Mendelssohn.


- Gravação recomendada: Brahms - Os Concertos para Piano - Regente: Riccardo Chailly, Pianista: Nelson Freire


 

16. Filarmônica de São Petersburgo (St. Petersburg Philharmonic)


A poderosa orquestra russa, regida há mais de 30 anos por Yuri Temirkanov, é uma proesa. Antes dele, fora regida por 50 anos por Yevgeny Mravinsky, que estreou boa parte das sinfonias de Shostakovich, tendo sido a 8ª dedicada a ele.


É a orquestra profissional mais antiga em atividade da Rússia.


- Gravação recomendada: Shostakovich - Sinfonia 7 - Regente: Yevgeny Mravinsky


 

15. Orquestra Nacional Russa (Russian National Orchestra)


Fundada em 1990 pelo genial pianista e regente russo Mikhail Pletnev, logo se tornou uma orquestra de destaque, com sua sonoridade sedosa, porém, precisa. Tem no catálogo de gravações as 6 sinfonias de Tchaikovsky e os 5 concertos para piano e as 9 sinfonias de Beethoven.


- Gravação recomendada: Tchaikovsky - Sinfonia Nº 6 - Regente: Mikhail Pletnev


 

14. Orquestra do Teatro Mariinsky (Mariinsky Theatre Orchestra)


Antiga Orquestra do Kirov, hoje é comandada por Valery Gergiev (outro que é frequentemente apontado como o maior regente vivo).


- Gravação recomendada: Stravinsky - Petrushka e Jeu de Cartes - Regente: Valery Gergiev


 

13. Orquestra Sinfônica de San Francisco (San Francisco Symphony Orchestra)


Esse conjunto teve uma rápida ascenção nos anos 70 com Seiji Ozawa. Hoje é regida pelo americano Michael Tilson Thomas, que a mantém como uma das grandes orquestras do continente.


- Gravação recomendada: Mahler - Sinfonia Nº 5 - Michael Tilson Thomas


 

12. Orquestra Filarmônica de Nova Iorque (New York Philharmonic)


É a orquestra mais associada a Leonard Bernstein, e graças a ele ganhou uma boa parte da sua notoriedade. Mas também teve Pierre Boulez, Zubin Mehta, Kurt Masur, Lorin Maazel e, atualmente, Jaap van Sweden.


É uma das "Big Five", apelido que engloba as 5 maiores orquestras dos EUA, ao lado da de Cleveland, de Filadélfia, Sinfônica de Boston e Sinfônica de Chicago (apenas a de Filadélfia ficou de fora dessa lista). Hoje essa alcunha (Big Five) caiu em desuso, mas é aquele desuso que sempre que se fala de uma orquestra do grupo, tem que mencionar isso (então, não é desuso!).


- Gravação recomendada: Stravinsky - A Sagração da Primavera - Regente: Leonard Bernstein


 

11. Orquestra Sinfônica de Boston (Boston Symphony)


Nos anos de "Big Five" era considerada a mais refinada. A mais "européia" das 5. Teve anos de glória com Koussevitsky, depois com Charles Munch e, principalmente, com Seiji Ozawa, nos anos 70, 80 e 90. Com Andris Nelsons, mantém o altíssimo padrão.


- Gravação recomendada: Rachmaninoff - Concertos Nº 2 e 3 - Regente: Seiji Ozawa, Pianista: Krystian Zimerman


 

10. Orquestra do Staatskapelle de Dresden (Dresden Staatskapelle)


Mais uma antiga (Séc. XVI) e excepcional orquestra alemã. Já foi regida por Carl Maria von Weber, Richard Wagner, Herbert Blomstedt, Giuseppe Sinopoli. Seu atual diretor é Christian Thielemann. Tem uma sonoridade distinta, bastante quente e natural. Dizem que ela tem características de música de câmara, mas eu a acho um pouco lenta, no melhor dos sentidos, pra ser camerística. É essa lentidão de resposta que confere majestade e solenidade à orquestra. Aí, pra quebrar essa solenidade, existe o som caloroso e a excepcional musicalidade do grupo. A partir daqui eu recomendo uma gravação clássica e outra mais recente.


- Gravação recomendada: 1. Richard Strauss - Obra Orquestral Completa - Regente: Rudolf Kempe - 2. Bruckner - Sinfonia Nº 3 - Regente: Yannick Nézet-Séguin


 

9. Orquestra Festival de Budapeste (Budapest Festival Orchestra)


Fundada em 1983 pelo maestro Iván Fischer e pelo pianista Zoltán Kocsis, ambos húngaros, é uma orquestra daquelas cujos músicos foram escolhidos a dedo. Fischer é o titular desde a fundação, e o grupo teve uma ascensão meteórica até, em 2009, entrar nessa lista no nono lugar.


Confesso que não a conheço muito, mas os concertos de Bartók, com a dupla citada, me parecem maravilhosos.


- Gravações recomendadas: 1. Dvořák - Sinfonias Nº 8 e 9 "Do Novo Mundo" - Regente: Iván Fischer - 2. Beethoven - Sinfonias Nº 1 e 5 - Regente: Iván Fischer


 

8. Orquestra Filarmônica de Los Angeles (Los Angeles Philharmonic)


Seus últimos 4 regentes principais foram Carlo Maria Giulini, André Previn, Esa-Pekka Salonen e, hoje, Gustavo Dudamel. Tem a característica de contratar regentes jovens e talentosos. Dudamel veio direto do "El Sistema" venezuelano, um programa que visava a formar conjuntos de padrão internacional desde a base. Na Filarmônica de Los Angeles ele já fez gravações importantíssimas e concertos históricos.


- Gravações recomendadas: 1. Stravinsky - A Sagração da Primavera - Regente: Esa-Pekka Salonen - 2. Schumann - Sinfonia Nº 3 "Renana" - Regente: Carlo Maria Giulini


 

7. Orquestra de Cleveland (Cleveland Orchestra)


Isso mesmo, ela não tem "sinfônica" nem "filarmônica" no nome. Por falar nisso, eu depois escrevo um post sobre. Pra encurtar a história, não tem diferênça.


Cleveland é a orquestra americana de que eu mais gosto. Tenho uma relação afetiva: desde criança ouço as gravações com George Szell, que a regeu entre 1946 e 1970 e a tornou "o instrumento mais afiado dos Estados Unidos". De fato, ela é extremamente precisa. Enquanto a de Dresden, por exemplo, é pesada e lerda, a de Cleveland responde extremamente rápido: se todos os músicos tiverem que tocar um acorde ao mesmo tempo, é ao mesmo tempo, sem atraso e sem desculpas. É "Pam", em vez de "Flan".


É uma das "Big Five".


- Gravações recomendadas: 1. Mussorgsky - Quadros de Uma Exposição - Regente: George Szell - 2. Mozart - Concertos para Piano Nº 17 e 25 - Regente e pianista: Mitsuko Uchida


 

6. Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara (Bavarian Radio Symphony Orchestra)


Seu regente era Mariss Jansons até 2019, quando faleceu. Ainda não anunciaram o novo titular. Jansons era um regente extremamente peculiar (e maravilhoso). Ninguém fazia crescendos como ele. O som da orquestra é de matar: talvez seja o mais bonito de toda a lista. É uma orquestra de rádio, de modo que todos os seus concertos são gravados. E o repertório tem que ser o mais vasto possível, de modo que os músicos têm a leitura à primeira vista afiadíssima.


Só acho ruim que, como toda gravação é ao vivo, sempre tem aqueles aplausos no fim.


- Gravações recomendadas: 1. Beethoven e Brahms - Concertos para Piano Nº 1 e 2 - Regente: Rafael Kubelik, pianista: Géza Anda - 2. Richard Strauss - Assim Falou Zarathustra - Regente: Mariss Jansons


 

5. Orquestra Sinfônica de Chicago (Chicago Symphony Orchestra)


Se a de Cleveland é a mais "afiada", e a de Boston, a mais "refinada", tem que ter um adjetivo pra de Chicago. Talvez a mais "poderosa", a de som mais tempestuoso. A seção de metais é famosa, conhecida como a melhor dos EUA. Eu achava essa informação insignificante até assistir no YouTube a uma apresentação com Daniel Barenboim da Sagração da Primavera. Trompas, trompetes, trombones e tuba(s) soam por vezes como um instrumento só, tocando na mesma intensidade com precisão invejável. Em outros momentos, cada qual soa como se soubesse como deve soar e como o colega deve soar. Isso é que é um conjunto ensaiado e potente.


Seu regente da época das "Big Five" era Fritz Reiner. Depois vieram George Solti, Daniel Barenboim e, até hoje, Riccardo Muti.


Essa orquestra foi a que tocou no filme Fantasia 2000 de Disney. O primeiro oboísta é o lendário brasileiro Alex Klein, que toca a despeito de sofrer de distonia focal.


- Gravações recomendadas: 1. Rimsky-Korsakov - Shéhérazade - Regente: Fritz Reiner

- 2. Daniel Barenboim rege Stravinsky, Debussy e Boulez


 

4. Orquestra Sinfônica de Londres (London Symphony Orchestra)



Londres tem pelo menos 5 orquestras sinfônicas de nível internacional (em uma só cidade). A Sinfônica, a Filarmônica, a Royal Philharmonic, a Philharmonia e a Sinfônica da BBC. Todas excepcionais e eu não entendo o fato de só a Sinfônica estar aqui. Mas concordo que ela é a mais bem sucedida. Seu regente atual é Sir Simon Rattle, dirigente talentoso, que ganhou notoriedade ao erguer a Sinfônica de Birmingham ao patamar mais alto e, entre 2000 e 2018, ser o regente principal da Filarmônica de Berlim.


A LSO é uma das orquestras mais versáteis do mundo, tocando desde o repertório do classicismo até obras atuais, sempre se adaptando e executando com a sonoridade mais apropriada.


- Gravações recomendadas: 1. Dvořák - Sinfonia Nº 9 "Do Novo Mundo" e Serenata para cordas - Regente: Eugene Ormandy - 2. Sibelius - As Sinfonias - Regente: Colin Davis


 

3. Orquestra Filarmônica de Viena (Wiener Philharmoniker)


As três primeiras orquestras da lista poderiam alternar posições ano a ano. Alternam, por sinal: dependendo da lista, uma está em primeiro ou em terceiro. A Filarmônica de Viena é a orquestra mais refinada. Tem um som escuro, elegante, e raramente faz gestos bruscos, como acelerações e desacelerações exageradas. Nem Bernstein, que era dado a sentimentalismos, conseguiu mudar o som da orquestra.


Uma curiosidade é que os instrumentos pertencem, no geral, à orquestra, e não aos músicos. O resultado é uma penca de Stradivarius, Amati, fagotes e oboés distintos (os fagotistas da Filarmônica nunca usam vibrato).


Eles também não têm regente fixo, com contrato de 4 anos, como é o normal. Todo ano elegem um regente principal, muitas vezes renovando este pequeno contrato repetidas vezes.


- Gravações recomendadas: 1. Holst - Os Planetas - Regente: Herbert von Karajan - 2. Beethoven - As Sinfonias - Regente: Andris Nelsons


 

2. Orquestra Filarmônica de Berlim (Berliner Philharmoniker)


Assim como a de Viena, esta poderia estar no primeiro lugar. É a orquestra mais famosa, e não sem merecimento. Desde a segunda guerra só teve 6 regentes titulares: Sergiu Celibidache, Wilhelm Furtwängler, Herbert von Karajan, Claudio Abbado, Simon Rattle e Kirill Petrenko, o atual.


Eles gravam e filmam a maior parte dos seus concertos e os disponibilizam (não é de graça, nada na vida é de graça, meu filho, aprenda isso) no aplicativo Digital Concert Hall.


Além disso, nos anos 70 e 80 costumavam lançar VHSs e DVDs de gravações com a sua estrela, o maestro Karajan.


- Gravações recomendadas: 1. Brahms - Sinfonia Nº 4 - Regente: Wilhelm Furtwängler - 2. Beethoven - Os Concertos para Piano - Regente: Simon Rattle, pianista: Mitsuko Uchida


 


Merece estar aqui? Sem dúvida. É uma orquestra extremamente versátil e seu som, embora característico, se adapta a várias circunstâncias. Também teve poucos regentes por muitos anos, como Eduard van Beinum, Bernard Haitink, Riccardo Chailly, Mariss Jansons e Daniele Gatti. Isso é visto com bons olhos, porque dá unidade à orquestra.


Concertgebouw é a a sala de concertos onde a orquestra se apresenta, e é conhecido pela sua acústica fabulosa. O bom é que as gravações atingiram um nível de fidelidade tão bom, que não precisamos ir a Amsterdã (afinal, todos sabemos como é terrível ter que ir a Amsterdã, cof, cof...) para desfrutar da acústica maravilhosa.


A orquestra tem um colorido excepcional, que é a capacidade de trazer sonoridades bem diferentes dentro de uma mesma peça, como um camaleão.


- Gravações recomendadas: 1. Brahms - Sinfonia Nº 1 e Concerto para Violino - Regente: Eduard Van Beinum, violinista: Arthur Grumiaux - 2. Rachmaninoff - Sinfonia Nº 2 - Regente: Mariss Jansons


Menções honrosas:

Orquestra Filarmônica de Londres

Orquestra de Minessota

Orquestra Festival de Lucerna

Orquestra Philharmonia

Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo (sim, a OSESP é considerada uma orquestra revelação)

Orquestra Sinfônica Simón Bolívar

Orquestra Filarmônica de Oslo

Orquestra Filarmônica Real de Liverpool

Orquestra de Filadélfia

Orquestra Filarmônica de Seul

Orquestra de Paris

Orquestra Filarmônica da China


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