Quando a minha filha Beatriz foi completar 1 aninho, em 2011, eu fiz essa música. Nós fizemos um CDzinho e distribuímos como lembrancinha no aniversário. Gosto muito dela (da música e, obviamente da minha filha). Quando fomos fazer o disco Jangada Azul, em 2017, eu quis regravá-la.
É uma música buarqueana, nas suas características. A insistência nas rimas - adoro rimas - a harmonia meio estranha e o fato de ser um choro. A Bia era muito parecida comigo quando bebê, por isso falo que ela me roubou o semblante.
A gravação aí em baixo não é a do aniversário, mas a do Jangada Azul.
Choro Dela
(Rafael Torres)
Eu tenho a impressão
De me roubar todo o semblante algum ladrão
Roubar-me o fôlego e a fala, a direção
E ainda uma costela
Eu tenho a solução
Pro solucinho que me estanca o coração
Sei que o antídoto é alguma distração
E eu me distraio nela
Eu tenho algum refrão
Pra cada caso, pra qualquer situação
Pesquei por todo o cancioneiro da nação
Eu sempre tenho uma receita, uma poção
Pra cada choro, cada dor, cada aflição
Pra febre, inchaço, mal, quebranto, irritação
Eu fiz pós-graduação
Em qualquer coisa que tivesse precisão
Como a logística da manipulação
De fraldas, lenços, talco, água e algodão
Eu nunca tive a mais básica noção
De cada pano ter um nome e uma função
Vi na televisão
Que pra você estava tudo em promoção
Que pra você todos abriam exceção
Que todos olham sempre em sua direção
E lançam piscadelas
E quando outro ladrão
Vem te roubar algum segundo de atenção
Com beijos, truques, macaquices, tudo em vão
Você é quem decide se sorri ou não
Se vai ou não dar trela
A mãe, só que banguela
Rafael Torres: violão, flauta, voz e arranjo
Ayrton Pessoa: piano
Ednar Pinho: baixo acústico
Igor Ribeiro: pandeiro