Quem são (ou eram) os Argonautas, de Fortaleza
- Rafael Torres
- 17 de set.
- 4 min de leitura

Atenção, para os Argonautas da mitologia grega clique neste link (externo). Hoje vamos falar do meu grupo e a sua incrível saga.
Começou quando eu conheci o Bob (Ayrton Pessoa), no colégio. Ele tocava violão e teclado e era uma das pessoas mais musicais que eu já conhecera. Tínhamos 15 anos, em 1996. Lembro que ele vinha aqui em casa e a gente escutava discos de Bossa Nova, do Eugênio Leandro, Beethoven e Piazzolla.
Lembro também do Hauly, que já era meu amigo desde uns dois anos antes, me dizer: "se vocês estiverem tocando, eu vou querer também, me chama." Aí, eu e o Bob recebemos notícia de um concurso mundial de música: o Concurso John Lennon. Fizemos uma música em um inglês que não fazia sentido (era pra ser psicodélica) e fomos gravar no Alencar, um amigo da mamãe que tinha um estúdio. Não ganhamos o Concurso John Lennon.
Acabou que o Alencar nos "adotou", ele gostava muito da nossa música, e a gente ia compondo e gravando. Viramos o Mira na Lira e, logo depois, os Argonautas. Até 2001 fizemos 2 discos demo, mas nunca lançamos. Fomos seguindo, fazendo shows esporádicos ("ah, tu tem uma banda?", "tenho", "e onde é que vocês tocam?", e eu sempre tinha que explicar que a gente não tinha muito a cara de banda de barzinho etc.). Vez por outra me dava uma vontade de encerrar. E o fizemos, de fato, em 2004, quando o Hauly foi morar em São Paulo. Quando voltamos, em 2007, foi porque eu tinha um projeto de disco e show maravilhoso, o Interiores. Recriaríamos um ambiente rural, com cenário e figurino do Yuri Yamamoto. Nessa época, eu chamei o Ronaldinho (Ronaldo Lage, bateria) e o Germano Lima (baixo), amigo dele. Lançamos o disco com esse show em 2009. Tanto o disco como o show tiveram a maravilhosa participação do grupo de flautas Ad Libitum, do qual faz parte a minha mãe - a musicista e professora de música Angelita Ribeiro, que me pasou tudo o que sabia.
Pelejamos mais... mas não importa o que fizéssemos, não decolávamos. Acabamos de novo, lá por 2010. Em 2014 apareceu um show pra gente fazer, e o Ronaldo e o Germano não podiam, então a gente chamou Ednar Pinho (baixo) e Igor Ribeiro (percussão e bateria), (formação que persistiu até 2025). Paramos de novo e voltamos em 2016 para gravar um álbum. O Jangada Azul, lançado em 2018, todo com músicas nossas.
Por motivos de saúde e de motivação, uma das poucas coisas que me interessam é gravar, de modo que seguimos fazendo isso a partir de então.
Inventamos o "Argonautas Convidam" em 2017, quando chamamos a Mônica Salmaso para fazer um show do repertório dela com arranjos nossos. Ela cantava e nós acompanhávamos. Novamente pensei que ia decolar, mas que nada! Se bem que o show foi um sucesso e acarretou outros, com o Renato Braz e com o Zé Renato, do Boca Livre.
Vamos aos fatos sobre os Argonautas:
Tocamos o que se pode chamar de MPB.
Compomos a maior parte do que tocamos.
Já tive reuniões promissoras com a Biscoito Fino. Não deram em nada.
A Kuarup também ia lançar um disco, mas não deu certo.
Gravamos nosso terceiro disco "Argonautas Interpretam Edu Lobo" em 2018, mas só deu pra lançar em 2022.
Tem a participação da Mônica Salmaso, do Renato Braz, do Marco Forte, do Heriberto Porto, do Leonardo Torres (meu irmão, ao piano) e do próprio Edu Lobo, que canta Meia-Noite.
Tentamos chamar o Chico Buarque para participar, mas não deu certo. Ele é elusivo (possivelmente, com toda razão).
Fiz uma música em homenagem ao Ariano Suassuna, super armorial e nordestina, e chamei a Mônica pra gravar. Tem aí em baixo.
Com o Renato Braz, gravamos minha valsa "Manual da Leveza".
Já aparecemos 2 vezes na Globo em transmissão nacional, no Jornal da Globo.
A fofíssima Silvia Machete gravou outra música minha "So Many Nights", no seu álbum Rhonda, todo em inglês.
Tenho umas 4 músicas em inglês pro caso de... né?...
Temos a leve sensação de que, se tocarmos num lugar, aquele lugar fecha. Aconteceu com o Ball Room, no Rio de Janeiro, com o Vila Mosquito, aqui em Fortaleza e com os Estados Unidos, em 2001. A gente já tava certo de ir quando jogaram aqueles aviões nos prédios.
Tem tuuuudo no site: www.rafaeltorresmusica.com.br.
Apesar de tudo, continuamos a fazer música honesta, que, quando você olha do ângulo certo, é mais que boa. O problema é que só 2 vezes na minha vida alguém pareceu ter olhado por esse ângulo. O nosso velocino de ouro era uma carreira.
Comente o que achou da música dos Argonautas!



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Comente, como se não
Houvesse mais amanhã
E basta rolar para baixo
Se é assim
Que vais ver uma caixa
Carmim
(Poema do comentário, sobre a canção "Aquarela", de Toquinho)