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  • Foto do escritorAyrton Selo

top 10: Vídeo-games como obras de arte!


Para conceber uma lista que trate de videogames entendidos como arte, recorremos ao que já foi previamente selecionado para exibição em museus e galerias. Alguns títulos da lista fazem parte do acervo de jogos expostos no Museu de Arte Moderna de Nova York. Outra fonte utilizada para os jogos da lista é o acervo do “Molleindustria”. Estúdio que tem como premissa uma reapropriação de videogames, seus jogos são sempre citados como jogos “persuasivos” ou jogos com uma agenda, que atravessam o paradigma da diversão e trazem muita inquietação nos temas abordados. E ainda adicionamos alguns jogos mais recentes que merecem uma chance de apreciação.


10. GAYBLADE 1992



Em um RPG é comum encontrarmos um universo de ficção repleto de magos, cavaleiros, dragões e paisagens medievais, mas em Gayblade a narrativa aborda uma realidade ainda mais sombria e faz o jogador experienciar o contexto de marginalização e discriminação sofrida pela comunidade LGBT nos anos 90. Inclusive dando a oportunidade do jogador combater os sujeitos propagadores de ódio e desinformação.


Talvez o jogo hoje seja pouco conhecido e apreciado por conta de uma atrapalhada empresa. Acontece que Ryan Best perdeu o jogo original e seu código fonte durante uma mudança, a empresa responsável pelo transporte não apareceu e Ryan que tinha voo marcado não conseguiu encaminhar as caixas para o novo endereço. Mesmo com a ajuda e esforço da comunidade o jogo permanece perdido. Mesmo que não seja encontrado o impacto de Gayblade ficou registrado na mídia impressa do período e na memória da comunidade que nunca antes havia sido representada de forma honesta num jogo eletrônico.



9. TETRIS 1984



Os jogos são uma expressão criativa recente e ainda em pleno desenvolvimento, seus desdobramentos esbarram em limitações técnicas. Nesse sentido Tetris se destaca pois envelheceu muito bem, continuando divertido de se jogar mesmo nos dias de hoje. A prova disso é o lançamento de Tetris 99 que apresenta uma versão online que combina o tetris clássico com o novo conceito de “battle royale”. A importância e a relevância cultura de Tetris foi reconhecida quando o jogo foi adicionado ao conjunto de jogos clássicos em exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York.


Tetris é a prova que mesmo com uma proposta pictórica simples e minimalista o autor pode proporcionar ao expectador uma experiência rica em emoções e divertimento.



8. KATAMARI

Se você considera que arte pode apresentar uma perspectiva diferente do cotidiano, que podemos por meio dela refletir sobre nossa experiência de consumo, uso e afinidade com os objetos ao redor. Se essas forem uma das premissas da arte. Katamari definitivamente é arte pois toda a proposta do jogo é trabalhada no acúmulo de objetos enquanto as escalas são a base dessa experiência, algumas fases começam da rua e pouco tempo depois estamos navegando pela galáxia.



7. SIMCITY 1989



Ao assumir o cargo de prefeito o jogador precisa criar e gerir uma cidade. Nessa simulação é preciso dar conta das demandas da população, tomar decisões que envolvem política, geografia, bem estar-social, acidentes naturais, recursos energéticos, impostos. Uma experiência lúdica que diz muito sobre a ideologia do jogador que vai fazer escolhas no âmbito de políticas públicas. Com poucos recursos você precisa decidir entre construir uma escola, delegacia de polícia ou uma nova estação de trem por exemplo. Tais escolhas impactam a vida dos sims (avatares) e fazem refletir sobre o melhor caminho a percorrer no desenvolvimento de uma cidade.



6. PHONE STORY

Phone Story demonstra por meio de um jogo divertido uma realidade muito devastadora nas dinâmicas de produção de bens. O jogo é ambientado na produção de um smartphone de uma multinacional que para baratear o custo dos produtos se utiliza da exploração de mão de obra barata em países com leis trabalhistas frágeis. Algumas fases demonstram até mesmo o trabalho infantil. Todo o dinheiro levantado através do jogo foi doado a uma ex-funcionária da Foxconn que ao tentar cometer suicídio ficou com graves sequelas. Phone Story busca uma práxis ao debater as consequências do capitalismo global e lançar um holofote sobre as relações trabalhistas abusivas cometidas no complexo industrial da Foxconn e em outras partes do planeta.



5.TAMATIPICO

Este é um dos primeiros jogos da “Molleindustria”, é jogo manifesto que trata da exploração de mão obra com exaustivas horas de trabalho ininterruptas. Aborda as péssimas condições de trabalho em que muitos trabalhadores são expostos ao redor do mundo. Toda a interface e mecânica de Tamatipico busca parodiar os jogos de criação de pets virtuais como o Tamagochi, uma associação engraçada mas que infelizmente é comum em ambientes de trabalho onde muitas empresas impõem aos empregados jornadas exaustivas e sem o devido tempo de descanso. A vida e o bem-estar do trabalhador são concedidos como e quando o empregador quiser.



4. EVE ONLINE



Jogo de interpretação de personagem multijogador massivo. A forma de ser e estar em EVE depende do papel que o jogador quer interpretar. Por meio de uma avatar você ocupa um espaço digital de forma coletiva com outros jogadores. Neste universo espacial não existe um objetivo principal mas algumas missões e tarefas opcionais que premiam o jogador com os recursos e a moeda virtual. Para gerar riqueza nesse universo pode-se coletar recursos, fabricar itens, ou mesmo saquear outros jogadores. A transformação da matéria em produtos manufaturados para fins de acúmulo de capital e o consumismo desenfreado funcionam perfeitamente em MMORPGs pois, ao contrário do mundo real lá os recursos naturais são infinitos e não existem os reflexos da poluição e da desigualdade social. Além dessa reflexão social o game também promove, a partir de seus sons e gráficos uma imersão muito boa em sua diegese (universo dele) e arte também pode ser isso um momento de fuga do mundo real para um mundo imaginário, seja ele no espaço sideral ou em um cortiço fictício.



3. PAC-MAN

O jogo do “come-come” foi lançado em 1980 visando o mercado de arcades. Mas devido ao sucesso foram feitos diversos desdobramentos do jogo para consoles e o personagem foi utilizado em diversas formas de merchandising. Por conta das limitações técnicas o jogo todo acontecia na mesma tela, ainda com tais limitações os desenvolvedores conseguiram criar uma inteligência artificial complexa onde cada fantasma possuía diretrizes distintas. Também é o começo da mecânica de “power-ups” que mais tarde vai ser popularizada em Super Mario. Hoje o personagem ainda é muito popular e conquistou um lugar de destaque não só na cultura dos jogos mas também na cultura pop tendo aparições em filmes, museus, músicas e desenhos animados.


2. DREAMS



Não é o primeiro sistema para criação de jogos mas talvez seja o mais popular e acessível no momento por conta da sua compatibilidade com os consoles modernos (PS4). Mais um caso em que a indústria de jogos flerta com a cultura participativa e propõe o empoderamento criativo e técnico do espectador que consome e constrói jogos em comunidade. Além dos jogos é possível criar outras experiências como as machinimas (animações realizadas usando as engines dos jogos).


1. 171 (Pré-Alpha)



Jogo com temática inspirada no Brasil e desenvolvido por brasileiros da Betagames Group. 171 surge no contexto das populares modificações de Grand Theft Auto. Os desenvolvedores receberam apoio da comunidade por meio das campanhas de crowdfunding e o jogo tem tudo para se tornar um título de peso com grande alcance de público dentro e fora do Brasil. A narrativa de ficção com ambiente inspirado em Sumaré (SP) e tantas outras periferias do país. Em jogos de aventura de mundo aberto os detalhes fazem toda a diferença, em 171 é possível identificar os modelos de carros, o estilo das nossas paradas de ônibus, orelhões e ruas de terra.


Um registro lúdico de tantas realidades das periferias brasileiras com gráficos fotorrealistas.





Fontes:




https://www.netflix.com/br/title/81019087



http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/12/pac-man-tetris-e-outros-games-vao-virar-peca-de-museu-em-2013.html


https://youtu.be/1Kpmb77_aFM



Ayrton Selo

Costuma fazer lives e vídeos pra comunidade de jogos online, sempre experimentando alguma coisa no universo dos memes e outras formas de remixagem. Acusado de atrasar os conteúdos mas sempre correndo pra cumprir os prazos. Gosta de doces e não confia em pessoas que defendem privatizações.

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