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Romantismo - História da Música 4, Vol. I - Visão Geral

  • Foto do escritor: Rafael Torres
    Rafael Torres
  • 23 de jan.
  • 12 min de leitura

Atualizado: 24 de ago.

Por Rafael Torres

O meu querido e finalizado livro Contos Medonhos e Desarranjados (Vol. 1 - A Ilha Vermelha), costumo definir como um livro de contos em que um depende vagamente do outro; ou como um romance cujos capítulos são contos. Desarranjados, porque a ordem em que estão propostos não segue uma linha temporal estrita.


Falo isso porque, quando eu vou escrever sobre algum período da história da música, adoto esta mesma abordagem. No Romantismo, brotava compositor em cada esquina. A música ficou tão complexa que tinha compositor só de música para piano. Ou só de ópera. A história toda é centrada na Alemanha e na Áustria, mas, vez por outra, surge um Tcheco, um Norueguês...


Portanto, paciência. A gente tenta dar um fio para essa história, abre um parêntesis aqui, uma nova sessão acolá e dá certo. No fim, vocês entendem.


Imagem imaginária de Kasper David Friedrich, "O Viajante Sobre o Mar", 1818.
Imagem imaginária de Kasper David Friedrich, "O Viajante Sobre o Mar", 1818.

Como dito anteriormente, nos escritos sobre o Classicismo, não há consenso a respeito do ano exato do começo do Romantismo. Isso é normal, não se pode imaginar que todos os compositores fizessem algum tipo de votação em que vencesse o Romantismo, assim, de chofre. Eu considero duas datas: 1806, quando Ludwig van Beethoven apresentou a primeira obra claramente romântica: sua 3ª Sinfonia, apelidada “Eroica”; e a década de 1820, quando toda a Europa já compunha música plenamente romântica.



Mas por que Romântica?


Dentre as características principais do romantismo estão: a presença, na música (especialmente na instrumental) da personalidade do compositor; contradições musicais (por exemplo, o uso de um mesmo tema com vários caracteres diferentes) e, na música, a expansão da tonalidade e da instrumentação.


Johannes Wolgang von Goethe na Champanha Romana, de Johann Heinrich Wilhelm Tischbein, 1786.
Johannes Wolgang von Goethe na Champanha Romana, de Johann Heinrich Wilhelm Tischbein, 1786.

Ocorre que, na virada dos séculos XVIII para XIX, surgiu o movimento artístico Romantismo. Ele evoluiu a partir de um movimento do Classicismo chamado "Sturm und Drang" (Tempestade e Ímpeto). Na Alemanha, que, por alguns motivos, é o que nos interessa, agora, o escritor Johannnes Wolfgang von Goethe lança, em 1774, o romance "Os Sofrimentos do Joven Werther", com caráter autobiográfico. Trata-se de um dos primeiros romances (e não me refiro ao romantismo, mas ao estilo literário) de que se tem notícia. É um romance epistolar (os capítulos são cartas de Werther a seu amigo Wilhelm) e influenciou profundamente a arte na Europa.


Os primeiros compositores a aplicar esses ideais na música foram os do "Sturm und Drang", compositores ainda do classicismo que já atribuíam dramaticidade à música. Exemplos são: de Christoph Willibald von Gluck, o balé "Don Juan", de Joseph Haydn, a Sinfonia Nº 45, "Adeus", Wolfgang Amadeus Mozart, os concertos para piano e orquestra nos. 20 e 24 e seu uso geral do modo menor.


O Romantismo, mesmo, começou com Ludwig van Beethoven e sua raiva. Costuma-se considerar sua 3ª Sinfonia, "Eroica", a primeira obra romântica, É de 1803. Eu enxergo (ou sou eu que escuto vozes, não há gente tão insana, nem caravana do Arará) romantismo ainda mais cedo, em Beethoven (isso prara não falar em Mozart).


Escute, abaixo, o 2º movimento da Sonata Nº 3 de Beethoven, na interpretação de Alfred Brendel.



Mozart poderia ter escrito isso? Certamente. Especialmente se tivesse vivido mais tempo. Vemos sinais dessa força dramática nos seus concertos mencionados, no 2º movimento do 23º, na 25ª Sinfonia e na ópera "Don Giovanni". E em peças avulsas tardias para piano, como suas Fantasias, Adagios e Rondós em tom menor.


Escute, abaixo, o 2º movimento do 23º concerto para piano e orquestra de Mozart, com Maurizio Pollini e a Filarmônica de Viena, regidos por Karl Böhm.



Os críticos tendem a atribuir a chegada do Modernismo à dissolução do sistema tonal. Nesse caso, peço que ouçam este pequeno trecho de uma Suíte do Barroco Georg Muffat. Ela é, no mínimo, politonal (muda de tom várias vezes) e meio atordoadora de se acompanhar.



Outro em quem se vêem quebras de paradigmas é o clássico Wolfgang Amadeus Mozart. O que sabemos sobre o compositor que Mozart seria em dez anos é o que podemos especular da sua obra nos seus anos finais de vida, e não mirarmos no conservador Joseph Haydn. O que dizer das cadências que ficam como pendentes nesse despretensioso Minueto? Embora perfeitamente tonal, suas implicações são ambíguas, com seu excesso de cromatismos.



Liszt, o próprio Romântico Franz Liszt, chegou a escrever uma Bagatela sem Tonalidade. Ele atinge a atonalidade do jeito que se propunha, em sua época: através dos cromatismos.


Cromatismos são escalas (escala cromática) que não selecionam notas. Por exemplo: Dó Maior = , , Mi, , Sol, . Si, . Você não deve ter percebido, mas, das doze notas, cinco foram omitidas. Nenhuma tecla preta do piano foi tocada. Desse modo, uma escala cromática começando em ficaria: , Dó Sustenido, , Ré Sustenido, Mi, , Fá Sustenido, Sol, Sol Sustenido, , Lá Sustenido, Si, . Doze notas, se repetirmos o .





Viena em 1873, por Franz Alt.
Viena em 1873, por Franz Alt.

Ludwig van Beethoven, Bonn, Alemanha, 1770, 1827.


Aqui será acrescentada, em breve, uma pequena biografia e análise da estatura de Ludwig van Beethoven.


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E em Paralelo a Beethoven?


A música é uma arte que nunca parou de evoluir. Havia, nós sentimos, hoje, uma certa escassez de sinfonistas. Mas, primeiro, havia muitos compositores escrevendo sinfonias e concertos, basta lembrar dos citados acima. Johann Nepomuk Hummel, Gioachino Rossini (este, especializado em ópera), Carl Maria von Weber (tem 2 sinfonias e 6 concertos) e Ferdinand Ries, que foi um compositor fértil e criativo (compôs 8 sinfonias, 9 concertos para piano etc.)


Mas só isso? Sim, na Alemanha, só. Mas na Itália e, especialmente, na Espanha, crescia um movimento, iniciado por Luigi Boccherini e Nicolò Paganini, de especialização em um instrumento que só agora vai aparecer (embora vivamos cercados por ele): o violão.


A Música Descritiva


Sei que acabamos de sair de Beethoven, mas teremos que voltar. É que música descritiva era uma novidade e, ao mesmo tempo, não.


Lembram-se das Quatro Estações de Vivaldi? Do Barroco? São 4 Concertos para Violino e, cada um, descreve, com uma orquestra de cordas e um violino solo, uma estação do ano.


Veja o 3º Movimento do "Verão", na interpretação de Ashot Tigranyan e da Classical Concert Chamber Orchestra. É uma tempestade.




E o compare ao 3º Movimento do "Outono", tocado por Oliver Braut e a Orquestra Barroca de Cleveland.



É incrível. Eu diria até prodigioso. Existem, de autoria de Vivaldi (ou não), 4 Sonetos que a música vai acompanhando. O 1º Movimento do Verão, por exemplo, tem um "langor, causado pelo calor"... No Outono, aos 37s do segundo vídeo, o solista imita as trompas de caça. Imagino que a cadência (2m40s) do Violino Solo (esse solista não é muito bom) aluda à morte da fera (abaixo).


No 3º movimento do Outono, o poema diz: "Os caçadores emergem com a aurora / E com trompas e cães e armas, partem para sua caça / Os bichos correm no encalço das suas trilhas / Assustados e cansados do grande barulho / De armas e cachorros a fera, ferida, ameaçada / Languidamente para voar, mas atormentada, morre."


No Barroco e no Classicismo existia, sim, música descritiva. Basta lembrarmos das Fantasias para Piano de Mozart. Mas precisamos ter em mente que elas não descrevem algo exato. São sensações, sentimentos etc.


András Schiff interpreta a Fantasia em Dó Menor, K. 475, de Wolfgang Amadeus Mozart.




Aberturas de Óperas

Desde o Barroco, existiam as aberturas de ópera. No começo, eram isso, mesmo, peças tocadas apenas pela orquestra, antes da ópera. Mas, eis que, no Classicismo, a abertura passa a ser tocada em concertos, apenas com a orquestra, sem os cantores. Era usada como um cartão de visita da ópera. Ex. Mozart: aberturas de Don Giovanni, Cosi fan Tutte, A Flauta Mágica.


Abertura de Concerto

No Romantismo, passa a existir a abertura de concerto. Ela independe de Ópera. É o caso da abertura de "Sonho de uma Noite de Verão", "Mar Calmo e Viagem Próspera" e "As Hébridas", de Felix Mendelssohn. Beethoven escreveu "Egmont", "Coriolano", "Rei Estêvão". Todas estas sem ópera. Hector Berlioz teve enorme importância por causa de sua Sinfonia Fantástica e as aberturas "Les Francs-Juges" e "Le Corsaire".


Poema Sinfônico

O conceito de Poema Sinfônico é muito parecido com o da Abertura de Concerto. É uma peça longa, geralmente descritiva, com um só movimento (no geral).


Franz Liszt foi o primeiro a usar o termo poema sinfônico (ele publicou 13 peças com esse nome). Dentre estes temos: Tasso: Lamento et Triunfo, Les Préludes e Mazzeppa.


Georg Solti rege Les Préludes, com a Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara.



A partir de então, poema sinfônico se tornou a principal forma de composição (com excessão da sinfonia), influenciando compositores como Antonín Dvořák, Edward Elgar e César Franck.


O Violão


Começou na Renascença, com o alaúde. Até hoje, grava-se muito John Dowland, que escrevia para alaúde, em transcrições para violão. Depois, veio o violão barroco, para o qual pouco foi esccrito.


O primeiro virtuose do violão e compositor de cerca de 400 obras para o instrumento, foi o napolitano Ferdinando Carulli (1770-1841). Seguiram-no Mauro Giuliani (1781-1829) e o espanhol Fernando Sor (1778-1839).


Confira, abaixo, o Estudo Op. 35 Nº 22, de Fernando Sor, por David Jaggs.



Hoje em dia, toca-se música de Johann Sebastian Bach ao violão. Mas é importante que lembremos que se tratam de transcrições. As peças não foram escritas para violão. Algumas, para alaúde, outras para violino, violoncelo, cravo, órgão etc.


Um bom exemplo é a Tocata e Fuga em Ré Menor, para órgão, transcrita para violão por Edson Lopes e executada, abaixo, por Tariq Harb.




Ainda no Classicismo


Luigi Boccherini (1743-1805)

Ainda no Classicismo, o violão moderno começava a aparecer, com, por exemplo, Luigi Boccherini. Ele escreveu uma dúzia de obras de câmara com violão. Mas ainda não havia repertório específico para (apenas) violão.



No Romantismo


Fernando Sor (1778-1839)

O catalão Fernando Sor foi o primeiro grande compositor a se dedicar ao instrumento. O primeiro de muitos. O romantismo é a era do violão. Ele compôs obras exclusivamente para o instrumento: 4 Sonatas, diversas Fantasias, música didática, além das normais Sinfonias e obras de câmara.


René Lacôte interpreta a Fantasia, Op. 7 de Fernando Sor.



Sor estudou no Mosteiro de Montserrat entre seus 12 e 15 anos. Mas foi quando voltou a Barcelona, que ele resolveu se dedicar ao violão, criando técnicas, componto exclusivamente para o instrumento e estabelecendo técnicas que são usadas até hoje. Por exemplo: ele evitava usar o dedo mínimo da mão direita. Quando o fazia, era em acordes, jamais na melodia.


Usamos estes preceitos até hoje.

Mauro Giuliani (1781-1829)

O italiano Mauro Giuliani era um prodígio. Tocava violoncelo, violão, compunha e cantava.


Ana Vidovic toca a Grande Abertura, Op. 61, de Mauro Giuliani.




Nicolò Paganini (1782-1840)


Muito mais conhecido como compositor para violino e violinista, Paganini era considerado um prodígio do violão. Escreveu pouco para o instrumento solista (por exemplo: 5 Peças para Violão, de 1800), mas é considerado o primeiro virtuose do instrumento, tanto quanto do violino.


Luigi Attademo toca a Romanza da "Grande Sonata" de Nicolò Paganini.




Matteo Carcassi (1792-1853)

Outro compositor importante para o violão, Matteo Carcassi teve fama tardia. Insistiu no violão, fez alguns concertos de sucesso pela Europa.


Alexandra Whittingham toca o Estudo Nº 7 dos 25 Estudos, Op. 60, de Matteo Carcassi.



Francisco Tárrega (1852 – 1909)

O espanhol Francisco Tárrega é um dos compositores de música para violão mais gravados e bem sucedidos de todos os tempos. É dele a famosíssima peça "Recuerdos de la Alhambra", assim como "Oremus" e o "Capricho Árabe".


Pepe Romero toca "Lágrima", de Francisco Tárrega.



O violão seguiu sua trajetória de instrumento solista no modernismo (especialmente com Heitor Villa-Lobos) e até hoje (tendo uma tradição extraordinária no Brasil e com o cubano Leo Brower).


O Piano


Até o início do Classicismo, os principais instrumentos de teclado eram o órgão e o cravo*. No primeiro, de certa forma, pode-se controlar a intensidade do som, mas não de notas individuais. Já no cravo, o máximo que se pode fazer é alternar entre os teclados (cravos costumam ter dois ou mais teclados). Por exemplo: fica a mão esquerda no teclado de baixo, que aciona todas as cordas (cada nota aciona duas ou três cordas), enquanto a direita, vai ao teclado de cima, que geralmente, aciona apenas uma corda para cada nota e tem um som mais doce.


* As obras para órgão e cravo de J S Bach, por exemplo, podem ser executadas ao piano, mas isso exige uma transcrição, feita, geralmente por compositores (F Liszt, F Busoni). Elas podem até ser tocadas por uma orquestra moderna inteira, como nas transcrições de Leopold Stokowski e Ottorino Respighi.


Eis que, no século XVIII, Bartolomeo Cristofori criou um instrumento em que o músico podia controlar a intensidade da nota de maneira imediata, o Fortepiano. Ele tem esse nome porque pode-se tocar forte e fraco (piano) apenas controlando o toque.


Não foi uma grande revolução, a princípio. W A Mozart chegou a escrever concertos para cravo. Mas foi graças a ele, a Haydn e a Beethoven que o Fortepiano se consolidou.


Frédéric Champion toca, em um Fortepiano, o Rondó em Ré Maior, KV 485, de W A Mozart.


Esse era o Fortepiano da época de Mozart. Sobre o piano moderno, é muito difícil dizer quando nasceu. Ele foi evoluindo a partir do Fortepiano, ganhando pedais - especialmente o de sustentação, que permite que as notas tocadas continuem a soar mesmo que se tire a mão.


Com o tempo e a evolução, o Fortepiano passou a ser chamado de, apenas, Piano.


Ludwig van Beethoven escreveu suas 32 sonatas para piano (até hoje estão entre as mais gravadas) e ajudou a consolidar o instrumento.


Petra Somlai toca a Sonata Nº 8, Op. 13, "Pathétique", de Ludwig van Beethoven, em um Fortepiano réplica de um instrumento de 1795.



A mesma peça, tocada em um piano moderno, por Anastasia Huppmann.




A Sinfonia


A sinfonia, tal como a conhecemos, existe desde o Classicismo, sendo um meio de o compositor demonstrar seu virtuosismo. São famosas várias sinfonias de Joseph Haydn, de Wolfgang Amadeus Mozart e de Carl Philipp Emanuel Bach. Mas foi no início do Séc. XIX que Beethoven (especialmente a partir de sua 3ª Sinfonia, "Eroica") atribuiu à sinfonia o status de obra sinfônica mais importante do repertório.


A partir da "Eroica", surgiram a "Sinfonia Fantástica", de Hector Berlioz, as 4 Sinfonias (são 5, mas a segunda não é uma sinfonia) de Félix Mendelssohn, as 4 de Robert Schumann, ao menos 2 das Sinfonias de Franz Schubert (a , "Inacabada", e a "A Grande") e, posteriormente, as 6 (ou 7, ou 8) de Tchaikovsky, as ao menos 4 das 9 de Antonín Dvořák, a Sinfonia em Ré Menor, de César Franck e uma infinidade de outras. A sinfonia persiste como principal meio de comunicação entre o compositor e o ouvinte.


Abaixo, a Sinfonia Fantástica, de Hector Berlioz, com a Orquestra Sinfônica da Rádio de Frankfurt, regida por Andrés Orozco-Estrada.



A Orquestra Romântica


Enquanto na Idade Média e Renascença prevaleciam os Consorts (grupos de instrumentos de uma mesma família), a partir do Barroco começou-se a consolidar a Orquestra. Geralmente, com (poucas) cordas, e dois oboés.


No Classicismo, ela cresceu. Eram mais cordas em uníssono, agora, com o contrabaixo, fagotes e oboés ou flautas. No final do Classicismo, Mozart implementou o clarinete.


A Orquestra Romântica é muito parecida com a atual. As cordas: cerca de 12 Violinos I, 10 Violinos II, 8 Violas, 8 Violoncelos e 4 a 8 contrabaixos. As madeiras: 2 Flautas, 2 Oboés, 2 Clarinetes e 2 ou 3 fagotes. Os metais: 4 Trompas, 3 Trompetes, 3 Trombones. As percussões: 4 Tímpanos. E alguns instrumentos extras, como o Clarinete em Mi Bemol, o Clarone, o Contrafagote, o Piano, a Celesta etc.


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Abaixo, o regente Paavo Järvi rege a Sinfonia Nº 9, "Do Novo Mundo", de Antonín Dvořák., com a Tonhalle-Orchester Zürich.




Fim da parte 1 - Parte dois vem logo.


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