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  • Foto do escritorJéssica Frazão

das kino na arara: Por um audiovisual antifascista


Capa do documentário Sueco de 2017 de Patrik Öberg e Emil Ramos

A recente campanha antifascista ganhou fôlego no Brasil e no mundo meses atrás sobretudo após Donald Trump escrever em sua conta do Twitter que os Estados Unidos vão considerar os manifestantes antifascistas como uma “organização terrorista”. Rapidamente, Jair Bolsonaro republicou em sua conta os dizeres de Trump e até agora muitos bolsonaristas encaram a classificação "antifa" como um movimento centralizado, com diretório, cargos de comando e financiamento de ações. Mas será assim?


No final de junho a Gaviões da Fiel e outras torcidas organizadas de futebol se reuniram na avenida Paulista, em São Paulo, em ato pela defesa da democracia e contra o fascismo. A manifestação marca fortemente o repúdio aos apoiadores de Bolsonaro. Como uma reação em cadeia, a hashtag #Antifascista vem ocupando os Trending Topics do Twitter no Brasil, junto com avatares antifascistas de inúmeras bandeiras e grupos.


Há tempos, os atos pró-Bolsonaro incitam discursos de ódio, incentivam o uso de armas e reforçam atos antidemocráticos. Enquanto enfrentamos uma pandemia com consequências sem precedentes, os bolsonaristas seguem convocando apoiadores e adeptos para irem às ruas. Os manifestantes pró-democracia estão respondendo a tudo isso. Em meio a esta conjuntura vemos as notícias de atos dos dois grupos (bolsonaristas e "antifas") sendo tratados de forma bem distinta pela polícia.


Ao contrário do que pensam Trump e Bolsonaro, ser antifascista não é ser terrorista. Ser antifascista é defender a democracia. É ser contra todo autoritarismo e ódio aos pretos, pobres, indígenas, mulheres e tudo que não é hegemônico. É se posicionar contra o descarte dos corpos e mortes dos jovens negros nas favelas, a exemplo de João Pedro, morto em uma operação policial enquanto brincava dentro de casa.


Antifascistas também devem ser o audiovisual e o cinema. Já que abordam questões voltadas às imagens, narrativas e imaginários, é necessário fazê-las com pesquisa e responsabilidade, com inclusão e respeito às diferenças. Nos posicionamos contra um governo que quer dizimar pluralidades e segue cortando verbas da cultura, arte e educação.


As várias produções audiovisuais que interpretam o mundo pelas camadas dominantes da sociedade continuam reforçando violência simbólica, uma condição que reproduz, por exemplo, os estereótipos e os estigmas sociais. No caso, não é só contra a violência física que devemos nos posicionar, mas contra toda cultura fascista, que pela rapidez em que é legitimada, acaba por naturalizar a violência e torná-la sistêmica, como outrora já apontou o filósofo esloveno Slavoj Žižek.


Contra a escalada do fascismo, espero que você, leitor(a), esteja do lado da democracia e a defenda. Ficar neutro agora pode nos custar caro. Se, de um lado, vemos bandeiras neonazistas, do outro ouvimos os gritos em defesa da democracia. A escolha é simples. De que lado você está?





Jéssica Frazão é produtora audiovisual e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). É integrante do Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema (Elviras) e colunista cinematográfica no jornal O Município Blumenau, com "Das Kino - Um olhar crítico sobre o cinema".


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