A Editora Cyberus está com um edital para contos no estilo Retrofuturismo nas modalidades Clockpunk, Cyberpunk, Dieselpunk, Nazipunk, Sandalpunk e Stonepunk. Transcrevo:
Prefácio/Apresentação:
AUTOPOIESE
Igor Moraes
A variedade de subgêneros que se alimentam do sufixo punk revela a mente imaginativa — e a criatividade em geral pessimista — dos autores pela figura da tecnologia na vida humana, atravessando diversas fronteiras e épocas: Cyberpunk (Estados Unidos), Tupinipunk (Brasil), Silkpunk (China) são apenas alguns exemplos de como uma visão tecnológica é cada vez mais variada. A tecnologia e o pessimismo se uniram em um inconsciente social, sendo utilizado como espelho e especulação do que o futuro desconhecido nos reserva. A palavra ligada ao sufixo punk vai variando a cada narrativa, abordando as forças técnicas que guiam o cenário retratado ou a estética empregada que também conduzem a narrativa.
O entendimento do gênero começa pelo seu nome. O punk foi um movimento da década de 1970 nascido como uma forma de expressão artística contracultural, trazendo a contestação, a subversão, a desconfiança que existe na sociedade. As roupas de couro rasgadas, os penteados chamativos, as correntes, os espetos e os brincos ao mesmo tempo que escandalizavam e quebravam a norma social vigente contrastavam com o cenário tecnológico avançado. Não é porque a tecnologia avançou que deixamos de ter problemas sociais, como o desemprego e a decadência econômica. O primeiro registro escrito que abriu o leque para todos os demais foi Bruce Bethke, autor americano conhecido por seu conto Cyberpunk, mas rapidamente foi acolhido aos trabalhos de outros escritores como William Gibson, que obteve destaque nesse nicho por Neuromancer – romance lançado em 1984, vencedor dos prestigiados prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick.
De lá para cá, essa ideia de contestação ganhou vida própria. Como na autopoiese da comunicação luhmanniana, o gênero punk se multiplicou como rede de produção de componentes e estruturas, sofrendo influências tanto internas como de demandas externas, operando de forma autorreferencial e se autorganizando em elementos difusos, com sistemas diferenciados. Traduzindo, conforme a sociedade enriquece ou empobrece, sistemas parasitários estatais se estalam ou religiões são criadas e extintas, existe a demanda de novas visões de mundo literárias, e não foi diferente na ficção científica, e não foi diferente sobre o gênero punk. Biopunk, por exemplo, é um derivado do Cyberpunk só que focado em genética, do mesmo jeito que Hopepunk mostra importância da esperança e a noção de que há ideais que valem a pena lutar em um mundo onde se pode pressentir o perigo e o caos.
Conheci o trabalho do Alexander Meireles da Silva em uma introdução no livro Contos clássicos de vampiro da Editora Hedra. Na época, eu tinha quinze anos e nunca imaginei que estaria não só interagindo com ele, mas prestando essa homenagem. Quando dei essa ideia para o Maurício e para o Pedro, não imaginei que eles iam gostar, mas eles toparam sem pensar duas vezes. A série Mundo Punk que dá nome ao livro está em seu canal na internet abordando todas as diferentes modalidades, elencando suas principais diferenças dos mais abrangentes gêneros existentes.
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