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  • Foto do escritorLauro Almeida

A lista do lauro: anos 70 pra se ouvir #02

Continuamos recebendo informações transmitidas por Lauro Almeida de sua cápsula temporal estacionada ali na década de 70. Informações valiosas na forma de listas de discos importantes para ouvirmos, descobrirmos, redescobrirmos e reouvirmos. É pra emocionar mesmo! Vamos lá!



10- AL WILSON - "SHOW AND TELL" (1973) - apadrinhado por Johnny Rivers, que produziu seu disco de estreia em 1969, Al Wilson gravou o segundo álbum tardiamente em 1973. Dessa vez o novo trabalho trazia uma levada mais funk, linhas de baixo mais acentuadas e dançantes. O lado sentimental do cantor também prevaleceu e, assim como dezenas de artistas oriundos de variados estilos, Al também fez a sua versão do standard de Leon Russell, a visceral A Song For You.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Touch and Go", "Broken Home", "Show and Tell"



9- FESTIVAL ABERTURA (1975) - numa tentativa de repetir o sucesso dos antológicos festivais de música popular dos anos 60, a Rede Globo idealizou o Festival Abertura entre janeiro e fevereiro de 1975. A ideia central era apresentar novos nomes de compositores e intérpretes, e mesmo o evento não tendo alcançado o sucesso esperado, ficou conhecido por ter reunido um time de artistas que, alguns anos mais tarde, viriam a se tornar medalhões da dita "segunda fase da MPB", como Djavan e Alceu Valença. O vencedor do festival foi Carlinhos Vergueiro com a balada Como um Ladrão, que ao longo do tempo foi esquecida. Um dos pontos altos do festival foi a participação de Luiz Melodia com a inédita "Ébano", que acabou se tornando um dos clássicos do artista.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Muito Tudo" (Walter Franco), "Ficaram Nús" (Burnier & Cartier), "Bem Te Viu" (Jorge Mautner)



8- FLEETWOOD MAC - "BARE TREES" (1972) - considerado o primeiro divisor de fases na carreira da banda, "Bare Trees" trás um som mais encorpado, com guitarras mais presentes e um peso ainda não ouvido no Fleetwood Mac. O trabalho é marcado por ser o último com o vocalista e guitarrista Danny Kirwan, demitido na banda por seus problemas com álcool. Entre as faixas do álbum está a balada "Sentimental Lady" de Bob Welch, que em 1977 obteve um enorme sucesso na regravação do próprio Welch pro seu disco de estréia solo "French Kiss", tornando-se um clássico da década de 70.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Homeward Bound", "The Ghost", "Child of Mine"



7- TEREZINHA DE JESUS - "VENTO NORDESTE" (1979) - mais um disco de estréia lançado no simbólico ano de 1979, "Vento Nordeste" surfava na onda agreste que tomou o Brasil na segunda metade da década, com a explosão de Zé Ramalho, Amelinha, Geraldo Azevedo entre tantos. Com uma voz menos rascante que Elba Ramalho e Cátia de França (que também haviam lançado seus primeiros discos naquele ano), Terezinha de Jesus não fugiu à suas origens e nos presenteou com o alegre forró "Fulô da Maravilha", passeou pelo chorinho e pelo bolero e fez uma leitura de "Toada (Na direção do dia)", sucesso recente do grupo vocal Boca Livre. Mas a cereja do bolo ficou com a versão da belíssima "Vento Nordeste" de Sueli Costa e Abel Silva, numa interpretação pungente e emotiva, deixando para segundo plano a gravação de Simone, no álbum "Pedaços" do mesmo 1979. Lamentavelmente, nenhum dos discos de Terezinha foram editados em CD e nem se encontram no streaming.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Cigano", "Coração Imprudente", "Vento Nordeste"



6- CISSY HOUSTON (1970) - oriunda dos famosos corais gospel, Cissy Houston gravou seu primeiro trabalho solo em 1970, depois da sua saída do grupo vocal Sweet Inspirations, responsável por backing vocals de inúmeros artistas, como Jimi Hendrix e Elvis Presley. O álbum trazia uma mistura de soul e spirituals, marca registrada nos discos de Aretha Franklin e Ray Charles. Com canções de Burt Bacharach, Jimmy Webb e Beatles, o grande sucesso do álbum ficou a cargo da releitura do pop adolescente "Be My Baby", hit do "girl group" The Ronettes em 1963. Transformado numa power ballad arrasadora, com muitos agudos e ornamentos vocais, a canção alcançou uma boa posição nas paradas, inclusive no Brasil, onde foi muito bem executada nas rádios. Anos mais tarde, sua filha Whitney Houston viria a se tornar uma das maiores cantoras de todos os tempos, usando as mesmas técnicas que a mãe.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "This Empty Place", "The Long and Winding Road", "Be My Baby"



5- SERGIO MENDES & BRASIL'77 - "PRIMAL ROOTS" (1972) - o sucesso estrondoso que Sergio Mendes obteve nos anos 60 ao redor do mundo com a sua versão de "Mas Que Nada" rendeu frutos maduros até o final da década, com excelentes discos em companhia do seu conjunto Brasil'66. Com a chegada da nova década, novos estilos musicais em voga, a Bossa já não mais vista como "nova", o pianista resolveu arriscar no seu trabalho de 1972. Para a surpresa (e torcidas de nariz) dos amantes do som easy listening de Sergio, o que se encontra aqui é uma ode ao candomblé, Caymmi e ao Free Jazz. Talvez a canção que menos cause espanto é "After Sunrise", um vocalise já presente em outras canções de seus trabalhos anteriores. O que surpreende são os pontos de macumba "Canto de Ubiratan" e mais ainda "Pomba Gira", executado ipsis litteris como em um terreiro. O lado B foi reservado inteiro pra uma peça de autoria de Edu Lobo e Ruy Guerra com longos 18 minutos, cunhada no estilo CTI, gravadora que catapultou Eumir Deodato e Airto Moreira internacionalmente no mesmo ano.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Canto de Ubiratan", "Promise of a Fisherman", "Pomba Gira"



4- APHRODITE'S CHILD - "666" (1972) - o trio grego de música pop formado em 1968 pelo baterista Lucas Sideras, o vocalista Demis Roussos e o tecladista Vangelis (que anos depois viria a se tornar um dos grandes compositores de trilha sonora de cinema), conquistaram as paradas de sucesso com baladas melódicas, como "End of the World", "Marie Jolie" e a clássica "Rain and tears". Com o apogeu do rock progressivo em 1970, com bandas como Yes, Gentle Giant, Renaissance entre inúmeras outras ganhando seu lugar ao sol, o lider Vangelis enveredou pelo caminho psicodélico e nos entregou um álbum duplo, contando o Apocalipse de João de uma forma que muito se assemelha com o libreto da peça "Jesus Christ Superstar" de Andrew Lloyd Webber. A diferença é que aqui temos músicas instrumentais, entremeadas com barulhos, sussurros e distorções, ao melhor estilo Pink Floyd. As poucas músicas com vocais foram usadas como singles para a promoção do álbum, como "Break" e "Babylon". Insatisfeito com o caminho tomado pela banda, Demis Roussos seguiu em 1973 em carreira solo, assumindo totalmente seu lado romântico, com hits como "We Shall Dance" e "Forever and Ever", eternizadas até hoje nos programas de flash-back.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: tratando-se de um álbum conceitual, aconselho a audição completa e na ordem.



3- BAIANO & OS NOVOS CAETANOS - "VOLUME 2" (1975) - personagens do programa humorístico "Chico City", Baiano e Paulinho (interpretados por Chico Anysio e Arnaud Rodrigues), caíram nas graças do público, com uma sátira rasgada aos Novos Baianos e ao cantor Caetano Veloso (a imitação de Chico Anysio de Caetano é icônica!). Tamanho foi o sucesso, que em 1974 foi lançado um álbum da dupla, com o sucesso "Vô Batê Pá Tú", um verdadeiro clássico até hoje lembrada e a belíssima "Folia de Rei". No ano seguinte foi a vez do "Volume 2", agora na gravadora Som Livre. Com arranjos de Guto Graça Mello e produção do próprio Arnaud, o disco carrega a vertente do humor na engraçadíssima "Perereca", faz a poeria subir na animadíssima "Forró" e emociona com a linda harmonia de "Sete Luas".


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Entardecer na Fazenda", "Ameriqueiro" "Três Macaquinhos"



2‎– SWAMP DOGG - "TOTAL DESCTRUCTION TO YOUR MIND" (1970) - pregresso dos anos 50 e 60, o excêntrico Jerry Williams Jr assumiu a alcunha de Swamp Dogg em 1970 e lançou seu primeiro trabalho, voltado pro blues pro R&B, com pitadas de country rock. A voz rascante e gritada se assemelha muito à de James Brown, até mesmo em alguns arranjos das canções. O disco é recheado de naipe de metais, viradas de bateria típicas do funk e a marcação forte do piano nas canções mais sentimentais.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Everything You'll Ever Need", "Redneck", "These Are Not My People"


1- ZIMBO TRIO - "ZIMBO" (1976) - um dos grandes trios instrumentais brasileiros surgidos nos anos 60, o Zimbo Trio nos presenteou em 1976 com um disco vibrante, com participações mais que especiais do saxofonista Hector Costita e do multi instrumentista Heraldo do Monte. Inegavelmente um disco jazzístico, mas sem perder a brasilidade tão peculiar do trio. Duas releituras de Milton Nascimento e músicas autorais evidenciam a supremacia do encontro de Amilton Godoy, Luís Chaves e Rubinho Barsotti.


ATENÇÃO NAS FAIXAS: "Fé Cega, Faca Amolada", "Brincando", "Viola Violar"


Lauro André

Amante de música desde criança, colecionador de discos, dj e curador musical, aficionado nos anos 70 e em suas vertentes. Do clássico ou obscuro, do compacto de vinil ao cd.

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