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Foto do escritorGeni Núñez

A colonialidade dos afetos


Primeira Missa no Brasil, Victor Meirelles – (c. 1860).

A colonialidade sempre sonha com um jeito "bom" de permanecer oprimindo. Almeja um cristianismo bom, uma polícia militar não violenta, uma monogamia saudável, um estado democrático e por aí vai. É fazendo essa conta emocional que a branquitude, a cisgeneridade, a monogamia, a misoginia e etc reconciliam-se consigo mesmas.


Uma das fantasias brancas é imaginar um mundo em que se possa manter os próprios privilégios e não haver mais racismo. Ou um mundo em que se mantém privilégios hetero, cis, sem transfobia, bifobia, lesbofobia. Não veem que sendo identidades dependentes, os privilégios que sobram a uns são justamente fruto da exploração, do desprivilégio de outros. Não dá pra reformar algo que se construiu e se mantém através da dominação de outros grupos.


Mas o que fazer então, acabar com a branquitude, com a cisgeneridade, heterossexualidade, com a riqueza? SIM.


O primeiro passo é o reconhecimento desses sistemas como opressores, o segundo é a reparação dos danos.


Ex: um mundo sem pobreza é um mundo sem riqueza.


Ex: heterossexualidade não é sobre práticas sexuais, é sobre dominação cultural, religiosa, política, simbólica.


Ex: branquitude não é cor da pele, é um (im)posição no mundo.


Não é possível construir saúde com o território corpo, em suas infinitas teias com outros seres, a partir de identidades hegemônicas. Pensemos sobre isso!




Geni Núñez

Ativista indígena. Psicóloga e amante do pensamento artesanal. Membro da articulação brasileira de indígenas psicólogos.

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